Publicada em: 30/05/2025 - 60 visualizações
A Reunião Ordinária do dia 31 de agosto de 1954 foi toda dedicada ao ex-presidente Getúlio Vargas. Afinal, há exatos sete dias, o Brasil havia perdido seu presidente, líder do país por mais de 18 anos. O pedido partiu do vereador Nicolau Schuery, que se tornaria presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora na legislatura seguinte. Nicolau abriu a reunião com um discurso na tribuna, destacando “a personalidade do grande estadista e concitando o povo à calma para o bem da família brasileira”. O vereador Mourão Neto também se manifestou, classificando-se como “getulista desde 1930” e lamentando “que o presidente fosse traído por tantos”. Em seu discurso, leu também um telegrama que enviaria a Getúlio se solidarizando com seu desejo de se licenciar do cargo. Durante a reunião, a carta póstuma de Getúlio Vargas foi lida integralmente e foi respeitado um minuto de silêncio.
Esse é um exemplo de como episódios marcantes da história nacional atravessaram o Plenário da Câmara — e ficam registrados nas atas da Casa. Esses documentos, muitas vezes manuscritos, testemunham decisões que foram além das fronteiras do município e demonstram a atenção e o posicionamento do Legislativo local diante dos acontecimentos que marcaram a história do Brasil.
Antes dos discursos gravados, transmissões ao vivo e redes sociais, a história de Juiz de Fora era registrada à mão. As atas das sessões da Câmara Municipal guardam, desde o século XIX, decisões que ajudaram a moldar o município que hoje completa 175 anos. São páginas manuscritas que revelam como o Legislativo acompanhou e participou da construção da cidade. Durante o aniversário da Câmara, em abril, o Legislativo Municipal tornou a história de Juiz de Fora ainda mais acessível com a digitalização das atas de Reuniões Ordinárias e Extraordinárias entre os anos de 1951 e 2002. Para o historiador Inácio Botto, a ação do Legislativo como “guardião da memória da cidade” ajuda a “preservar a história política e social da cidade”.
Mais de 21 mil páginas digitalizadas
A Câmara Municipal de Juiz de Fora concluiu um importante projeto de digitalização de atas manuscritas, garantindo a preservação de documentos históricos que contam a evolução da cidade de janeiro de 1950 a dezembro de 2002. No total, foram escaneadas 21.843 páginas em altíssima resolução. As atas digitalizadas registram acontecimentos políticos e sociais fundamentais de Juiz de Fora, incluindo debates sobre a abertura de ruas, instalação de empresas, definição de tarifas de ônibus e homenagens prestadas pela Câmara, além de relatos de momentos emblemáticos da história nacional, evidenciando como os vereadores se posicionaram em Plenário nesses períodos.
Todo o serviço foi coordenado pela Divisão de Arquivos, em parceria com o Centro de Conservação da Memória (Cecom), da Universidade Federal de Juiz de Fora. Com a digitalização, o acesso às atas se tornou mais ágil e democrático, facilitando pesquisas e consultas. Além disso, o projeto assegura a preservação dos documentos originais, evitando desgastes naturais causados pelo manuseio. “Entre os pontos mais relevantes da digitalização das atas, destaco a divulgação e a facilidade de acesso ao conteúdo. Esses registros documentam momentos únicos e representam uma fonte riquíssima de pesquisa e conhecimento sobre nossa história. O acesso sempre foi aberto ao público, mas agora os cidadãos poderão consultá-los de suas próprias casas”, afirma a superintendente de Preservação Institucional e Memória, Nilma Ferreira de Sá.
O presidente da Câmara, vereador Zé Márcio-Garotinho (PDT), destaca a importância dessa iniciativa para a preservação da história local. “Esse trabalho é fundamental para garantir o acesso às nossas memórias políticas e sociais. São documentos que mostram o desenvolvimento de Juiz de Fora ao longo das décadas e permitem que pesquisadores, historiadores e a população conheçam melhor a trajetória do município”, afirmou o vereador, reforçando que este é um dos projetos de resgate da memória que a Câmara Municipal está desenvolvendo.
Câmara também preserva memória por meio de obras históricas
Além de legislar, a Câmara Municipal de Juiz de Fora também atua como guardiã da memória da cidade. Por meio de seu acervo virtual, o Legislativo tem relançado livros fundamentais para a compreensão da história local. O projeto foi inaugurado com a obra História de Juiz de Fora – até 1950, escrita por Paulino de Oliveira, e hoje já reúne 15 títulos, como Efemérides Juizforanas, do mesmo autor, e Resolução nº 141, publicado pela Câmara, que restituiu os mandatos dos quatro vereadores cassados em 1964.
“O livro Ruas da Cidade, por exemplo, nos mostra os nomes das ruas, de onde surgiram e outras curiosidades. Outro livro essencial para nós é o História de Juiz de Fora, por Paulino de Oliveira. Além de legislar, a Câmara preserva a memória da cidade para que as futuras gerações respeitem e conheçam toda a trajetória”, destaca o historiador Inácio Botto.
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