Publicada em: 08/03/2018 - 145 visualizações

Mulheres ocupam cadeiras dos vereadores para roda de conversa sobre empoderamento feminino

Mulheres ocupam cadeiras dos vereadores para  roda de conversa sobre empoderamento feminino (08/03/2018 00:00:00)
  • Mulheres ocupam cadeiras dos vereadores para roda de conversa sobre empoderamento feminino
 
No Dia Internacional da Mulher, a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Mulher promoveu uma roda de conversa com 19 mulheres que se destacam em diversas áreas de atuação em Juiz de Fora. O evento faz parte da Semana da Mulher, organizada pela mesma comissão. Em ato simbólico, as convidadas ocuparam os lugares dos vereadores no plenário da Câmara. A pauta foi formada por temas ligados à luta das mulheres pelo empoderamento feminino.

A presidente da Comissão, vereadora Delegada Sheila (PTC), ressaltou que os avanços e conquistas devem ser comemorados, mas há muito a se melhorar. “Somos o quinto país no ranking mundial de violência contra a mulher. Temos que lutar contra isso e também contra o preconceito e o machismo. A vereadora Ana do Padre Frederico (MDB) afirmou que conta com todas as mulheres para dar ideias e sugestões para que a comissão possa ajudar ainda mais as mulheres da cidade.


Violência contra a mulher

A delegada Patrícia Ribeiro ressaltou que, embora a Lei Maria da Penha tenha trazido avanços, os índices de violência contra a mulher não caíram. “Há uma discussão se a violência tem crescido ou, com a lei, a mulher tem sentido mais segurança para denunciar. Temos que nos empoderar e não aceitar nenhuma forma de violência”, disse. Já a oficial de justiça Marília Henriques relembrou momentos difíceis quando havia a necessidade de notificar a mulher que seu agressor seria solto: “Eu me sentia impotente quando alguém ajoelhava aos meus pés pedindo pra não soltar o agressor. No entanto, eu estava cumprindo uma ordem.” Para ela, empoderamento é uma palavra não só difícil de se pronunciar, mas também de se exercer.

Dentro do tema, a presidente da Fundação Maria Mãe, Vanessa Farnezi chamou atenção para a violência contra as mulheres em situação de rua. “É muito comum que a mulher nessa situação continue do lado do marido mesmo sofrendo agressões e sendo violentada para que não sofra uma violência ainda maior na rua”, conta. Um dos braços da Fundação Maria Mãe, a Casa de Passagem, acolhe pessoas que não têm onde passar a noite.


Desafios e quebra de tabu

A primeira mulher maquinista da América Latina, Maria Raquel, destacou que, dentre as várias formas de violência contra a mulher, é preciso prestar atenção na violência psicológica. “Esse tipo de violência começa dentro de casa, com os pais falando ‘você não pode brincar de carrinho, isso não é pra você’. Temos que começar a falar para as meninas ‘sim, você pode. Isso é pra você’. Não só as mulheres podem estar no lugar dos homens, mas os homens também podem estar em nossos lugares”, afirmou.

Na mesma linha de Maria Raquel, a pedagoga Beth Castro relembra que na década de 80 as mulheres eram “adestradas para se tornar professoras”. “E ainda hoje há mulheres sofrendo com isso. Que possamos ser professoras, maquinistas, policiais”, disse.

Outro tabu levantado na discussão foi em relação aos mitos que cercam a mulher e que não são verdades. A professora Patricia Pogianelo, idealizadora do Abraço Down, movimento que busca criar uma rede de suporte para famílias com filhos que tem síndrome de Down, lembra de um episódio onde o marido abandonou a esposa pois a culpava por causa da doença do filho. “É um acidente genético, que tanto pode ser originário na mulher como também no homem. Como fica essa mulher abandonada? O psicológico dela?”, questionou.


Representatividade feminina

“A maioria das mulheres que moram na periferia são negras e pobres. Nossa maneira de ver a situação da mulher não se encaixa no feminismo que é discutido nas academias. As demandas da mulher negra e periférica são outras. A representatividade é muito difícil, pois sofremos diariamente preconceito: primeiro por ser negra, depois por ser da periferia e também porque a mídia arrebenta com a gente. A periferia é o quarto de despejo da cidade. As políticas públicas para juventude e para a mulher periférica deixam a desejar”, discursou a professora aposentada e militante, Adenilde Petrina Bispo.

Na opinião da fisiculturista Fabiana Baldiotti, a imagem que a mulher tem de si própria é que interfere em diversos setores da vida dela. “Acho muito bonito quando uma mulher que não se encaixa no padrão de beleza, se sente melhor por estar cuidando da saúde. Ainda sobre o assunto, a jornalista e modelo Júlia Horta lembrou que é necessário acabar com o estereótipo de que mulher que é relacionada ao mundo da beleza não pode ter voz. “O lugar da mulher é onde ela quiser, a gente luta pelo que a gente sonha”, sentenciou.


Atuação social

“A atuação social da mulher é muito importante”, analisou Aline Frossard, que há 15 anos atua em missões humanitárias e sociais por todo o mundo. “Lidei sempre com crianças e descobrimos que os problemas escolares dos jovens eram relacionados às mulheres por trás deles, que frequentemente passavam por alguma dificuldade. Tínhamos que trabalhar com a família para que a situação melhorasse”, conta. Em sentido parecido, a fundadora da Comunidade Resgate, Cristina Maria Pinto opina que a mulher é essencial para a família: “É importante recuperarmos as mulheres, porque as mães são o esteio da casa. Ela é insubstituível.”

Para a pastora Valéria Garbero, tão importante quanto cuidar da beleza exterior, é cuidar da beleza espiritual. “Precisamos cuidar do nosso interior. A mulher tem poder de acolhimento e de cura e de quebrar tabus e paradigmas. No entanto, ela precisa estar bem consigo mesma para conseguir alcançar esses objetivos”, lembrou.


Carreira e mercado de trabalho

A consultora de marketing e negócios, Priscila Pinheiro, conclamou às mulheres a criarem um rede de apoio entre si, para ocupar os espaços no mercado de trabalho e superar o preconceito. “A rivalidade feminina já acabou. Temos que nos unir e dar suporte umas às outras para conseguir tudo o que merecemos”, declarou. A cantora Alessandra Crispim  revelou a intenção de se fazer como um instrumento para que possa ajudar na inclusão dos que têm menos voz através da visibilidade que conseguiu. Para a criadora do espaço de cultura Arteria, Carolina Carvalho, “desde cedo devemos mostrar para as crianças o valor de se viver numa comunidade, respeitando cada escolha pessoal”.

A jornalista aposentada Vera Amaral pontuou que o caminho aberto por mulheres guerreiras de gerações anteriores se faz notar hoje: “Temos muitas mulheres consolidadas no magistério, na medicina e em outros espaços”, afirmou.


Saúde da mulher

A secretária de Saúde, Elizabeth Jucá, afirmou que o poder público deve intensificar políticas públicas que atuem na prevenção para não ter que investir no combate às doenças, o que é muito mais caro. “Queria dizer às mulheres para que não deixem de fazer exames preventivos, como a mamografia. Sem saúde não conseguimos alcançar nenhum dos objetivos aqui discutidos”, alertou  A presidente da Ascomcer, Alessandra Sampaio, lembrou que a associação, tão importante no combate e prevenção ao câncer, foi criada por uma mulher, Maria José Baeta Reis, há 54 anos.

Outra profissional da área de saúde convidada foi a enfermeira Ana Cláudia Bastos. Como a secretária de saúde, ela decidiu fazer um alerta às mulheres. “No meu trabalho, já vi mulheres que denunciavam falsamente o ex-namorado como forma de vingança. Não façam isso. Não brinquem com coisa séria”, pediu. Ela ainda lembrou que enquanto algumas mulheres usam desse expediente, outras, que são realmente agredidas, têm medo de realizar a denúncia por diversos motivos.


Informações: 3313-4734 / 4941 – Assessoria de Imprensa


 
 


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