Segundo dados do Disque 100, 77% dos casos de violência contra a pessoa idosa são referentes a negligência , 51% psicológica, 31% abuso financeiro, 26% violência física e maus tratos, sendo que 80% dos casos de violência acontecem dentro de casa. Com o objetivo de discutir os diversos tipos de violência contra a pessoa idosa, a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos do Idoso da Câmara promoveu nesta segunda-feira, 19, uma audiência pública.
A presidente da comissão, vereadora Ana do Pe. Frederico (PMDB), mencionou que o respeito é a base para se evitar casos de agressões. Na oportunidade agradeceu aos parceiros da comissão, o poder Executivo, a FamIdade (Faculdade da Terceira Idade) e as pessoas que contribuem para os trabalhos da mesma.
O membro da referida comissão, vereador Kennedy Ribeiro (PMDB), salientou a importância da Delegacia dos Idosos que completa neste mês um ano de atividades. “Até hoje, 861 casos foram registrados e 90% das queixas que chegam até a delegacia são referentes à ofensas familiares”.
O professor da faculdade de arquitetura e urbanismo, Emmanuel Pedroso, apontou as deficiências estruturais que a cidade apresenta e explicou que “quando você impede o idoso de frequentar determinados ambientes, está impossibilitando-o a ter acessibilidade aos espaços públicos”. Desse modo, compromete a escolha para poder transitar pela cidade. “Os espaços da cidade, em sua maioria, não estão preparados para atender essa demanda. Juiz de Fora necessita ser mais acessível, para permitir sua apropriação por todos”, destacou.
O assistente social e gerontólogo José Anísio Pitico da Silva afirmou que o 15 de junho - Dia Municipal de Combate à Violência Contra a Pessoa Idosa - deve ser um dia de reflexão sobre a violência sofrida pelos idosos, além de ressaltar a hostilidade ao fato da velhice ser considerada algo ruim pela sociedade, e que isso deve ser combatido. “Estudos sugerem que entre seis idosos, um sofre algum tipo de abuso. É necessário políticas públicas para poder assegurar a qualidade de vida dos idosos”, afirmou.
A professora da FamIdade, Rita Petronilho, observou que a pior violência é a psicológica, principalmente aquela sofrida por familiares. E para tentar contornar esta problemática é preciso começar pela educação. “É necessário entender desde pequeno, para quando chegar a nossa hora de envelhecer haja um conhecimento. “Educação é o caminho, falar sobre o envelhecimento de verdade. A mídia precisa estar mais atenta a isso”, disse.
Já o presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas, Antônio Moreira, mencionou que o Governo Federal é quem está praticando a maior violência contra os idosos. “A maior violência psicológica é o governo por no peito do aposentado essa reforma para poder limitar as aposentadorias e pensões em dois salários mínimos”.
O delegado do idoso, Luís Lamas, falou sobre o trabalho da delegacia especializada que funciona no 3º andar do Santa Cruz Shopping. Ela conta com centro de acolhimento que possui auxílio psicológico, e atendem demandas não só do judiciário, mas agem também como um setor de orientação, encaminhando para outros órgãos de responsabilidade. Fazem mediação, tentando evitar a judicialização das demandas e ouvindo as partes envolvidas. Denúncias podem ser feitas através do Disque 100 ou pelo 181, que são canais que redirecionam os trabalhos à delegacia. “A nossa meta é ter uma delegacia semelhante a delegacia de mulheres, com profissionais com várias especialidades e atender a todos os crimes que o idoso seja vítima”, destacou.
A vice presidente do conselho do idoso, Lidiane Charbel, apontou a questão dos idosos institucionalizados, que vivem nos asilos da cidade, depois de sofrerem o abandono. “As obrigações devem ser trabalhadas em conjunto, pelo Estado, família, comunidade e sociedade, não apenas jogar de um para outro. A política pública deve ser pensada com e para o idoso”, ressaltou. Hoje, em Juiz de Fora, há 700 pessoas abrigadas e uma longa lista de espera.
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