Vinte de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, motivou pronunciamento do vereador Jucelio Maria (PSB) na Câmara Municipal. Ele enfatizou a importância da reflexão em torno da data, reconhecendo avanços do Movimento Negro, que se mobilizou em torno de questões como a lei que introduziu no currículo escolar a disciplina Estudos Sobre a População Afrodescendente e Africana, mas também alertou sobre a necessidade de mais conquistas. Uma pesquisa, feita por órgão especializado, indicou que 90% dos consultados admitiram que há preconceito no país, mas o mesmo percentual afirma não ser preconceituoso. “Esse resultado indica que o problema permanece, porém de forma sutil. Revela também a sobrevivência do mito da democracia racial. Percebemos o racismo quando entramos em um local e percebemos que somos o único negro,” disse.
Análises históricas compuseram a manifestação de Jucelio Maria. A princesa Isabel, responsável pela Lei Áurea, oficializou o fim da escravidão institucional em 1888, porém não editou políticas públicas voltadas para o segmento, abandonando-os à própria sorte. Os reflexos são sentidos até hoje. Ele citou como exemplo a manchete de um jornal estadual que dizia: “Violência mata quase quatro vezes mais negros que brancos.” A cada três assassinatos no país, dois são de negros. “Existe uma tendência de que os negros sofram maior repressão pelo sistema de Justiça Criminal, seja por uma vigilância mais incisiva por parte da Polícia ou por uma probabilidade maior de sofrerem punição”, descrevia a matéria.
A existência do racismo é reconhecida também pelo primeiro secretário da Câmara, Nilton Militão (PTC). O vereador, entretanto, constata a ascensão social. A presença do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, a presença de dois vereadores negros na Câmara Municipal e a eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos foram citados como exemplo do fenômeno. Jucelio Maria, entretanto, ponderou que tratam-se de casos de exceção.