“Eu tenho um sonho... de que meus quatro filhos pequenos um dia viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter”. O trecho do discurso proferido pelo ativista político Martin Luther King, há 50 anos, no Lincoln Memorial, Estados Unidos, foi lembrado na Câmara Municipal pelo vereador Jucelio Maria (PSB). Jucelio se referiu ao pronunciamento como um dos mais emblemáticos do século XX e alertou que continua atual. O recente episódio envolvendo a declaração de uma jornalista chamada Micheline, postada na rede social, demonstra isso. Ela disse que as médicas cubanas, que estão chegando ao país, “têm uma cara de empregada doméstica” e que está penalizada pela população. Jucelio protestou contra as palavras preconceituosas da jornalista e fez questão de ler a resposta do professor Wilson Gomes da Faculdade de Comunicação da Bahia como um alerta para à sociedade:
“...seria legal se você se perguntasse por que é uma ilha de loiridão e alvura cercada de tantos pretos e pobres por todos os lados. Será determinação do destino que estabelece que as pessoas não-brancas tenham que se tornar empregadas domésticas de michelines? Será prescrição do Oráculo de Apolo que pessoas com cara de micheline sejam jornalistas casadas com engenheiros?
Pergunte-se, além disso, qual é a magia que fizeram em Cuba para que tantos que bem poderiam ser suas empregadas domésticas sejam hoje médicas que embarcaram para este país, de saúde pública de terceira, a fim de ajudar pessoas de todas as cores que não são ajudadas pelas alvas michelines que moram ao lado...”
Os acontecimentos revelam, na opinião do vereador, a necessidade de os movimentos sociais manterem a mobilização e cobrança de igualdade e respeito pela dignidade humana.