Publicada em: 15/04/2013 - 151 visualizações

Câmara enviará representação pela retirada das tropas do Haiti

Câmara enviará representação pela retirada das tropas do Haiti (15/04/2013 00:00:00)
  •  O senador haitiano Jean Charles Moise cumpriu nesta segunda-feira (15/04) mais uma etapa da sua campanha pela retirada das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela retomada da autodeterminação daquele país. Em entrevista coletiva e...
 
 O senador haitiano Jean Charles Moise cumpriu nesta segunda-feira (15/04) mais uma etapa da sua campanha pela retirada das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela retomada da autodeterminação daquele país. Em entrevista coletiva e durante reunião pública, na Câmara Municipal, Moise informou que o parlamento haitiano votou resolução pela retirada gradual dos militares paralelo ao fortalecimento da Polícia Nacional e defendeu ainda a realização de eleições imediatas para a normalização do quadro político da Nação.
De imediato, a visita do senador resultou na criação do Comitê Local e Regional pela Retirada das Tropas do Haiti com a primeira reunião marcada para o dia 24, quarta-feira, às 14h30, no Sindicato dos Bancários. O vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT) que incluiu Juiz de Fora na rota de Jean Moise, anunciou a intenção de enviar um representante da cidade na delegação brasileira que participará da Conferência Continental em 1º de junho naquele país. Betão sugeriu que a Câmara Municipal também tenha representação no evento.
Durante reunião pública no Legislativo, o vereador Antônio Aguiar (PMDB) propôs o envio de representação da Casa, subscrita por todos os vereadores, ao Comando Militar da Região, manifestando apoio à retirada das tropas. Grande parte dos militares brasileiros no Haiti são juiz-foranos. André Mariano (PMDB) disse que os evangélicos têm orado por muitas Nações, entre as quais o Haiti, e enviado missionários para contribuir com o povo. O vereador, que também é pastor, fez a entrega de uma Bíblia a Jean Moise.
Vários vereadores usaram a palavra para apoiar a causa. Noraldino Jr (PSC) enfatizou a importância da manifestação unânime da Câmara. Ana Rossignoli (Ana do Padre Frederico-PDT) falou sobre a necessidade “de toda opressão que o povo haitiano vem sofrendo” tornar-se pública. Betão concordou com essa ponderação. Ele disse que a imagem que o brasileiro tem é de que os haitianos estão totalmente satisfeitos com a presença das tropas no país. Isso tem que ser esclarecido, disse, alertando que os militares estão sendo usados para reprimir manifestação de trabalhadores insatisfeitos com salários miseráveis.
O evento contou ainda com a presença de Oliveira Tresse (PSC), Jucelio Maria (PSB), Zé Márcio (PV), Chico Evangelista (PP), Vagner de Oliveira (PR), João do Joaninho (DEM) e Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal-PTC). O presidente Julio Gasparette (PMDB) designou Ana do Padre Frederico e Betão para fazerem a entrega de uma peça emblemática da Câmara Municipal ao senador. O prefeito foi representado pelo secretário de Governo, José Sóter de Figueirôa.
Diversas entidades e instituições também apoiaram a retirada das tropas. Foi o caso  de Vila Verde Centro de Referência em Direitos Humanos, PT, PSTU, CUT Minas, CUT Nacional e Juventude Revolução.
Entrevista coletiva
Durante entrevista coletiva, concedida pela manhã, Moise pediu apoio à causa do povo haitiano, informando que a maioria da população é pela retirada das tropas. Relatou inclusive que o cólera chegou ao país por meio das tropas estrangeiras. O problema, que teria sido levado por soldados de Nepal, já matou mais de 7 mil pessoas e motivou pedido de indenização à ONU.
O presidente Michel Martelly foi comunicado da resolução do Congresso que pede a saída dos militares da ONU, mas não tem se empenhado para que a reivindicação seja concretizada. “Trata-se de um governante imposto pelos americanos, com comportamento antidemocrático e sem interesse pela autodeterminação do Haiti,” disse o senador.
A realização de novas eleições foi outro ponto considerado essencial pelo parlamentar. Conforme seu relato, o Senado vem funcionando com 30 parlamentares, cujo mandato está terminando. O mandato de outros seis já encerrou e, em 2015, o de dez terminará. “Sem eleições, o Senado não vai funcionar. O presidente vai comandar o país através de decretos”, alertou.
A imigração haitiana foi outro problema abordado na coletiva. Os haitianos têm chegado ao estado do Acre, que declarou emergência social por falta de condições de receber um número tão grande de estrangeiros. Mil trezentos e sessenta e dois estão vivendo em condições subumanas. Jean Moise acredita no interesse no retorno “desde que os tanques sejam substituídos por máquinas agrícolas e os recursos aplicados para manutenção das tropas da ONU, transferidos para setores essenciais, como educação e produção nacional”.
Para alcançar o desenvolvimento econômico social, Jean Charles Moise enfatiza a necessidade de estabilidade política e execução de um plano que envolva combate à inflação, investimentos em educação, incentivo à indústria turística, reforma agrária, ou seja, condições que propiciem a circulação do dinheiro e criação de empregos.
O senador viajou com o apoio do Comitê, que reúne lideranças sociais de sete países e 12 estados brasileiros. Juiz de Fora foi a primeira cidade brasileira visitada. Depois da coletiva, o senador se reuniu com lideranças políticas, na Câmara Municipal. O parlamentar ainda terá encontros em São Paulo e Brasília. O parlamentar vai ajudar na preparação dos brasileiros para a Conferência Continental anunciada para 1º de junho, no Haiti.
 


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