Câmara realiza segundo dia de Seminário do Poço Danta A Câmara Municipal realizou hoje, 23/11, a segunda etapa do II Seminário Municipal de Preservação da Reserva Biológica do Poço DAnta. Os alunos das Escolas Municipais Carolina de Assis, do Floresta; Menelick de Carvalho, do Retiro; Santa Cândida; Lindolfo Gomes, do São Benedito e Escola Estadual Amélia Mascarenhas, do São Bernardo, participaram de grupos de discussão sobre a criação de um complexo de Educação Ambiental e Lazer em torno da reserva.
O antropólogo José augusto Silva abriu os trabalhos falando sobre o tema: Reserva Biológica do Poço DAnta: um retrato da atualidade. Ele apresentou um panorama da reserva e um histórico do que foi o primeiro seminário, que ocorreu há cinco anos, e as pretensões do segundo encontro. Na primeira versão tentamos definir o papel da reserva no meio ambiente e quais instrumentos necessários para a sua preservação. Isso resultou num conjunto de estudos realizados pelos profissionais da área de meio ambiente. Apontamos as dificuldades e as perspectivas para sua preservação, informou o antropólogo.
Agora, de acordo com José Augusto, a discussão passa por duas questões centrais: a construção de uma legislação específica que dê conta da preservação do Poço DAnta e a criação do complexo ambiental e de lazer em seu entorno, conhecida como área de amortecimento. Esse complexo deve promover a integração entre a comunidade, proporcionando o lazer, atividades sócio-culturais sustentáveis, todas voltadas para a educação ambiental, esclareceu.
Em seguida, falou o representante da Cesama, o biólogo Ronaldo Gradin Reis. Ele explicou que a área da bacia hidrográfica de contribuição da reserva é de 3,57 Km². A Estação de Tratamento de Água - ETA - do Poço DAnta é abastecida pela sua represa, que está em área de conservação permanente, caracterizada como Mata Atlântica, que foi criada pelo Decreto Municipal nº2794, em 21/09/82. Ronaldo Gradin explicou que a localização geográfica da reserva fica no setor leste do município e sua represa foi criada em 1955. A atual produção de água na ETA compacta é de 20 litros por segundo de volume, ou seja, 1% do abastecimento da cidade e atende ao bairro Santo Antônio, esclareceu o bioquímico.
O comandante da Polícia do Meio Ambiente, Tenente João Bosco Veiga Ferri, mostrou a importância da preservação da reserva, e que ela é uma das principais preocupações da unidade que ele comanda: a conservação da reserva, as queimadas florestais, exploração e caça predatória clandestinas e ausência de projetos de educação ambiental, além de evitar a entrada de pessoas não permitidas no local, é uma responsabilidade que tomamos para nós, já que ocupamos o terreno da Prefeitura,” argumenta.
O tenente Ferri ainda lembrou que o Poço DAnta é considerado uma das maiores reservas biológicas urbanas do Brasil. Lá são encontradas 18 nascentes no Córrego das Antas que formam a represa de abastecimento humano. A região é muito utilizada com freqüência, como fonte de pesquisa para biólogos, geógrafos e engenheiros florestais.
Lúcio da Silva, morador do bairro JK, Flávio, fez questão de dar seu testemunho sobre a importância da conscientização da comunidade. Ele revela que há alguns anos, chegava a capturar animais na reserva biológica por puro prazer ou para vender, principalmente pássaros mais raros. Depois de participar do primeiro seminário reconheci meus erros e sou um atento defensor do meio ambiente, tentando passar o pouco que sei para as pessoas que eu conheço. Sei que esse processo é lento mas é necessário e vale a pena investir na conscientização ecológica, até para defender o nosso futuro, afirma.
A professora do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, Bernadete Maria de Sousa, fechou as palestras do dia falando sobre a preservação da fauna local. Ela mostrou slides com diversas espécies típicas do local, algumas em extinção, e a importância de sua conservação. A mata serve de refúgio para mais de 50 mil espécies de animais vertebrados ou não, como por exemplo, o Callicebus Personatus (Guigó ou Sauá) primatas em extinção. Ela tem 277 hectares com espécies da floresta nativa e secundária, como paineiras, embaúbas e bromélias.
Bernadete Sousa ainda acrescentou que no local são encontrados macacos-prego, garças-reais, tucanos-toco, tatus, entre outras espécies e que também é rota de algumas aves migratórias. O Poço DAnta acolhe grande variedade de fungos, lichenes e microorganismos importantíssimos para manter o equilíbrio do ecossistema e a recarga dos aqüíferos hídricos da represa, explica a professora.
Ao final da reunião os participantes se dividiram em dois grupos. Um deles foi coordenado pela socióloga Selma Bara Melgaço e discutiu propostas de leis e orientação educacional para preservar o Poço DAnta. O outro grupo foi coordenado pelo professor Wilson Acácio, do Grupo Ecológico Salvaterra. Eles discutiram práticas de complementariedade ecológica para o local. Todas as propostas serão apresentadas amanhã, na última reunião do seminário.
O primeiro Seminário aconteceu em 2000 também por solicitação do vereador Paulo Rogério dos Santos e fez um diagnóstico detalhado da situação da reserva florestal, parte quase intocada da Mata Atlântica. Desta vez estão dando suporte os funcionários do Centro de Atenção ao Cidadão e a Comissão Permanente de Urbanismo, Transporte, Trânsito e Meio Ambiente.
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