Oliveira Tresse defende ganho real para os trabalhadores do transporte O vereador Oliveira Tresse (PCdoB) tornou público, ontem na Câmara, o teor da carta que enviou, em janeiro, ao SINTRO (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Público Urbano). No documento, ele pede aos sindicalistas que, na campanha salarial deste ano, não privilegiem possíveis acréscimos no ticket-refeição em detrimento de melhorias no índice de reajuste salarial. Para o vereador, essa equação (ticket maior, índice de correção nos salários menor) é extremamente danosa para o trabalhador. O benefício do ticket, surgido para complementar as necessidades básicas do cidadão, ganhou, no decorrer dos tempos, a conotação de complemento salarial. Mas isso é ilusório, pois ele não está presente em momentos essenciais de sua vida - quando o trabalhador se licencia por motivos de saúde ou quando se aposenta, como exemplos, argumenta Tresse.
Na carta, Oliveira Tresse deixa claro que não pretende criticar ou
desvalorizar conquistas de trabalhadores. Nem propor o fim do ticket e muito
menos interferir em assuntos internos do Sindicato. Como vereador, acho que
tenho a obrigação de fazer esse alerta. Me preocupa muito essa possibilidade
do ticket adquirir uma característica de adicional definitivo aos salários.
Temos que trabalhar por uma distribuição de salários dignos - o que levaria
o cidadão a ter o direito inclusive de, em última análise, não depender do ticket, explicou sua intenção. Atualmente, no setor de transportes de Juiz de Fora, o ticket
eqüivale a 30,30% do salário-base de um trocador. No caso do motorista,
essa proporção é de 15,15%.
A ÍNTEGRA DA CARTA ENDEREÇADA AO SINTRO
Na qualidade de vereador, ex-presidente da Astransp e atual gerente da Viação São Cristovão Ltda, venho pedir ao Sinttro – legitimo representante dos trabalhadores no transporte - uma reflexão sobre o tícket-refeição.
É de conhecimento geral que esse benefício, surgido para complementar
as necessidades básicas do trabalhador, ganhou, no decorrer dos tempos, a
conotação de complemento salarial. Nada mais ilusório, pois essa equivocada
bengala falta ao trabalhador em momentos essenciais de sua vida - quando
se licencia por motivos de saúde ou quando se aposenta, como exemplos.
Nesse ponto, os números falam por si. Em Juiz de Fora, o trocador
possui um salário-base de R$ 429,00 (quatrocentos e vinte e nove reais) e
recebe o ticket no valor de R$ 130,00 (cento e trinta reais) - o que
representa 30,30% de seus vencimentos. No caso do motorista (salário base de
R$ 858,00 - oitocentos e cinqüenta e oito reais - e ticket também de R$
130,00 ) essa proporção é igual a 15,15%.
Não é a intenção, aqui, criticar ou desvalorizar conquistas de
trabalhadores, quaisquer que sejam. Muito menos propor o fim do ticket.
Longe disso. O que é necessário discutir é essa possibilidade de que o
ticket adquira uma característica de adicional definitivo aos salários. Para
essa realidade, preocupante, muito contribui a deliberada política
compensatória do governo federal. Prefere-se inchar os rendimentos pagos
ao trabalhador com benefícios extras a trabalhar por uma distribuição de
salários dignos, o que levaria o cidadão a ter o direito inclusive de, em
última análise, não depender do ticket.
Diante desse quadro e trazendo a realidade para a nossa cidade, pedimos ao
Sinttro, na figura de seus diretores, que tenham cautela e discernimento ao
elaborar a pauta de reivindicações da categoria para a campanha salarial de
2008. Se me permitem a sugestão em assuntos internos dessa prestigiosa
entidade: não privilegiem possíveis acréscimos no ticket-refeição em
detrimento de melhorias no índice de reajuste salarial.
Certo de minha humilde contribuição, me coloco à disposição
para o debate sobre o tema
Juiz de Fora, 03 de janeiro de 2008 |