Audiência pública discute situação da mulher dependente química em Juiz de Fora Discutir e apresentar, às autoridades, os problemas enfrentados pelas mulheres dependentes químicas em Juiz de Fora. Com esse objetivo a vereadora Rose França (PSC) solicitou a audiência pública realizada hoje, 18/10, na Câmara Municipal. “Temos relatos e também observamos reportagens na imprensa dando conta do grande número de mulheres e adolescentes que se envolvem, cada dia mais, com as drogas. Nós mulheres precisamos de uma política pública muito especial nesse sentido. Porque às vezes, quando a mulher tem a coragem de falar que é dependente química já está com a sua vida destruída. Em Juiz de Fora existem clínicas para homens, mas não para mulheres. O que o Poder Público pode fazer para mudar essa realidade?”, questionou Rose França.
Diversas pessoas participaram da audiência dando depoimentos como antigos usuários de drogas, ou recuperandos, ou como voluntários no trabalho de auxílio aos usuários de drogas. O presidente da ONG APAR (Associação Projeto Amor e Restauração), Pastor Ernani Souza Silva, explicou que chegou a Juiz de Fora há oito anos com o objetivo de auxiliar mulheres dependes químicas. Depois do treinamento e da formação de alguns monitores (recuperandos) montou a unidade terapêutica para o tratamento de mulheres dependentes – um projeto modelo na cidade e no estado. “Trabalhamos com assistente social, psiquiatra e psicólogos. Nosso gasto chega a R$20 mil ao mês. Precisamos de apoio financeiro para a tender a essas mulheres”, afirmou o pastor.
Depois da manifestação dos vereadores que prometeram apoio à causa, o subsecretário de atenção básica à saúde, José Geraldo Oliveira falou que a dependência química é um problema de saúde pública e que precisa ser visto como uma doença tão grave quanto o câncer. “Aprendi muito quando fui diretor clínico do Grupo resgatando Vidas. O dependente químico é um recuperando durante toda a vida, não existe cura. Quem se aventura nessa seara terá uma missão árdua pela frente, mas que vale à pena ser levada a termo, com muito amor e espírito de entrega”, alertou o médico, lembrando que Minas Gerais tem apenas um centro de recuperação para mulheres drogadas, assistido pelo poder público.
O presidente da Câmara, vereador Vicente de Paula Oliveira (Vicentão – PTB), parabenizou a vereadora pela iniciativa da reunião e alertou para o fato de que em cada seis pessoas uma é dependente química. “É preciso que os usuários procurem ajuda e tenham quem os ajude, e acima de tudo o recuperando deve ter grande fé e determinação para vencer as drogas”, afirmou.
Rose França considerou positivo o resultado da reunião. “Dessa audiência surgiram diversos frutos. Vamos encaminhar os resultados ao Executivo e mostrar a necessidade que temos de ajudar a mulher juizforana a mudar de vida. Juiz de Fora é a segunda cidade de Minas a ter uma clínica de recuperação para mulheres e pode ser a primeira do Brasil a ter um centro ajudado pelo poder público. É muito triste ver a droga tirar do ser humano o seu direito de amar. Por isso estamos pedindo por uma cidade mais justa e solidária”, afirmou. |