Transporte coletivo é principal reclamação em São Pedro

       Longas esperas nos pontos de ônibus e carros superlotados. Essa rotina no transporte coletivo urbano tem estressado a Cidade Alta. O cansaço com o enfrentamento diário do problema foi manifestado na Câmara Itinerante realizada na creche comunitária Leyla Mello Fávero (16/11), local que reuniu moradores de São Pedro, Jardim Universitário, Portal da Torre, Santana, Santos Dumont e Tupã. A reunião contou também com a presença de antigos ocupantes do Recanto das Estrelas, no bairro de Nova Benfica. Com a reintegração de posse à Prefeitura, os ocupantes foram encaminhados para um abrigo. O prazo limite de permanência termina nesta quinta-feira, gerando insegurança.
        O transporte foi tema recorrente em grande parte dos depoimentos. Sandra Rodrigues reclamou de dificuldade para chegar ao trabalho e da necessidade de mais ônibus adaptado. O presidente da Sociedade Pró-Melhoramentos de Santana, Itatiaia e Tupã, Vicente de Paula, relatou a espera por ônibus por mais de uma hora e solicitou fiscalização à Settra. As dificuldades foram evidenciadas ainda no depoimento do agente de defesa civil, Geraldo Andrade. “Descemos e subimos montanha com ônibus lotado”, disse. Júlio César Resende, do Parque São Pedro, revelou o temor por acidentes.
        A saúde também mobilizou os moradores. A UBS de São Pedro tem mais de 30 anos e José Paulo Cândido Pereira alerta para a necessidade de um novo prédio. Ele informou que a UFJF já se propôs a construí-lo, mas há necessidade de disponibilização de terreno pelo município.
        Os problemas dos ocupantes do Recanto das Estrelas ocupou boa parte da reunião. Aline Crislaine contou como se deu a retirada dos moradores: durante a madrugada, em meio à chuva. E alertou para empecilhos enfrentados no abrigo, que se estendem à alimentação.
        O presidente do PT de Juiz de Fora, Rogério Freitas, pediu que a Câmara se manifestasse diante de “uma ação tão chocante”. Lamentou a interrupção do processo de negociação e estendeu sua preocupação às “condições desumanas” do abrigo onde os moradores se encontram.
       
       
        Vereadores ouvem comunidade
        Transporte coletivo e saúde foram abordados como os maiores problemas da região abrangida pela Câmara Itinerante realizada em São Pedro. Estes dois assuntos pontuaram as intervenções das lideranças locais e dos vereadores. O vereador João do Joaninho (DEM) lamentou a dificuldade de condução no horário de pico. Para ele a questão precisa ser revista. Dr. José Tarcísio (PTC) também mencionou o problema dos ônibus urbanos lotados e pediu solução. Pastor Carlos Bonifácio (PRB) esclareceu que espera que haja mudança no sistema de transporte. O vereador Dr. José Laerte abordou deficiências no transporte em Jardim Casablanca, pois não é possível subir de ônibus por São Pedro. Ele afirmou que no ano passado elaborou emenda ao Orçamento para que o acesso seja feito pelo bairro Morada da Serra. Dr. José Laerte afirmou ainda que a Cidade Alta está com a atenção primária caótica e sugeriu a checagem com a Secretaria de Saúde se há possibilidade de parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O vereador Noraldino Júnior (PSC) disse que já cansou de fazer denúncias sobre as irregularidades da saúde, mas segundo ele, não há mudanças. E lamentou que a pessoas sejam obrigadas a recorrer a Câmara para serem atendidas.
        A ação de reintegração de posse realizada pela Prefeitura no Recanto das Estrelas, em Nova Benfica, também mobilizou os pronunciamentos. O presidente do Legislativo, Bruno Siqueira (PMDB), diante das várias intervenções, solicitou que a Comissão de Direitos Humanos da Casa cuidasse do caso. O Luiz Carlos (PTC) também defendeu que a Comissão cuidasse da questão.
        O vereador Flávio Cheker (PT) disse que o poder público não tem política habitacional para aqueles com renda de zero a três salários mínimos. Flávio defendeu que a negociação fosse buscada. “Esperávamos que chamassem as lideranças do movimento e apresentassem alternativas. Entretanto, a Prefeitura fez uma ação na calada da noite, sob chuva. Houve um retrocesso e falo isso em nome do Fórum de Direitos Humanos que reúne várias entidades”, explicou, exigindo que seja dado um tratamento oficial pela municipalidade ao caso. Flávio sugeriu que seja pago um aluguel social às famílias.
        O vereador Antônio Martins (Tico-Tico - PP) solicitou que a Secretaria de Assistência Social ajudasse aos envolvidos. Wanderson Castelar (PT) prestou solidariedade aos ocupantes do Recanto das Estrelas e lamentou a condução da reintegração. Pastor Carlos (PRB) afirmou que deseja que o poder público volte a negociar. O vereador Julio Gasparette (PMDB) disse que, se for necessário, será votada em reunião extraordinária matéria tratando de alternativas para solucionar o caso.
       
        Secretários respondem
        O secretário Márcio Bastos reconheceu que o modelo de operação do transporte coletivo é ultrapassado. O governo atual contratou estudos por meio de licitação, mas o processo foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado. O diagnóstico é considerado fundamental pelo secretário para a identificação dos problemas e o encontro de soluções. Diante da impossibilidade imediata, a Prefeitura tem feito intervenções localizadas.
        Bastos esclareceu que 40% da frota de Juiz de Fora foi adaptada para atender deficientes e acredita que os atrasos dos ônibus estão relacionados a obras em andamento, que vão trazer benefícios para a população. Ela adiantou a realização de trabalho conjunto com a UFJF sobre trânsito na região e anunciou a reestruturação do sistema viário em busca de melhoria da fluidez com garantia de segurança.
        O secretário de Obras, Jefferson Rodrigues, relatou várias intervenções na Cidade Alta e anunciou outras, como reforma e recuperação de escolas e unidades de saúde. O ginásio poliesportivo está sendo viabilizado, a avenida Presidente Costa e Silva será urbanizada e a BR-440 vai, segundo ele, trazer benefícios para São Pedro.
        Ao se pronunciar sobre a reintegração de posse do Recanto das Estrelas, Jefferson Rodrigues informou que se trata de uma área de preservação, de propriedade da Prefeitura. Os cerca de 80 barracos encontravam-se em terreno de “alto risco”, situação agravada pelas chuvas. Ainda de acordo com ele, a retirada das famílias foi pacífica e ocorreu à noite para identificação de quais realmente participaram da ocupação por necessidade. “A operação foi para beneficiar as pessoas”, sustentou.