Reunião prepara entidades para combate a discriminação racial A elaboração de um documento contento propostas viáveis e concretas para o combate ao preconceito racial, parece ser a saída adotada pelas entidades que defendem os propósitos da população negra. A discussão sobre o assunto aconteceu nesta quarta, 15/03, na Câmara.
O encontro foi preparatório para a audiência pública, convocada através de requerimento, de autoria do vereador José Sóter de Figueirôa Neto (PMDB), primeiro secretário do Legislativo, que irá acontecer no dia 21 de março, data em que se celebra o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial.
“O dia da audiência foi escolhido justamente porque marca a luta pelos direitos iguais entre as raças”, explica o peemedebista, que está empenhado em levar para a sociedade um assunto tão debatido no mundo inteiro.
A presidente do Conselho Municipal para a Valorização da População Negra, Dagna Gonçalves Costa, está preocupada com o desfecho da audiência. Para ela, existem vários pontos a serem discutidos com as autoridades, que não podem ser “esquecidos. O meu medo é que não passe da instância da discussão”, disse.
O dia foi instituído há 45 anos, quando 69 manifestantes foram mortos a tiro no massacre de Sharpeville, na África do Sul, durante um protesto não-violento contra o apartheid. Depois desta tragédia, todos os anos, a Organização das Nações Unidas assinala este aniversário, chamando a atenção para a luta constante contra todas as formas de discriminação racial.
“Apesar de décadas de esforços para erradicar este problema, o vírus do racismo continua a infectar as relações e as instituições humanas, em todo o mundo”, disse Dagna.
Para Figueirôa, a discriminação institucionalizada, as desvantagens indiretas, a violência racial, os crimes inspirados pelo ódio, o assédio e a perseguição conjugam-se com novas formas de discriminação, desafiando aparentemente muitos dos avanços já alcançados. “Ninguém pode ser neutro na luta contra esta intolerância. E também não podemos desistir do combate contra o racismo ou da esperança de o vencer”, afirma. “Precisamos de coisas concretas neste sentido, uma política séria voltada para esse assunto. Os negros querem uma maior participação na administração pública, com um departamento que trabalhe com a valorização do cidadão, com recursos destinados a programas de combate racial e, sobretudo, de luta pela igualdade”.
A audiência pública, na ótica dos movimentos para a valorização da população negra, ao mesmo tempo que relembrará os sacrifícios de Sharpeville e o sofrimento e as vitórias na luta contra o racismo, ao longo dos anos e em todo o mundo, servirá para responder ao apelo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no sentido de “reafirmar o crédito nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa negra”, disse Dagna.
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