Rebelião leva vereadores à Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires A presença, na tarde de hoje, 14/06, dos vereadores Flávio Cheker (PT) e
Bruno Siqueira (PMDB), integrantes da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara, na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, no bairro Linhares,
sinalizou a preocupação do Legislativo com a fragilidade do sistema
carcerário do Estado.
Desde sábado, dezesseis pessoas, entre elas, dois agentes penitenciários,
uma criança de 10 anos, um adolescente e duas gestantes são mantidas como
reféns de 112 detentos, do Pavilhão dois. A rebelião teve início por seis
presos, que exigem às suas transferências para a Penitenciária Nelson
Hungria, em Contagem.
Negociações delicadas. O clima dentro da Ariosvaldo Campos é tenso. Comida,
luz e água foram cortadas e bombas de efeito moral são acionadas na intenção
de vencer os rebelados pelo cansaço.
Os presos, que lideram o motim, ampliaram as exigências pedindo o
afastamento do diretor da unidade prisional, José Pinto de Oliveira, e dos
funcionários em cargos de chefia. Eles querem ainda melhoria da assistência
jurídica, médica, social e odontológica, cumprimento do direito ao trabalho
e à oportunidade de estudo.
“É preciso modificar a estrutura do sistema carcerário brasileiro, para que
se possa pensar numa forma de devolver os detentos à sociedade. Uma das
ações seria a construção de casas de recuperação, com programas destinados a
ressocialização dos presos”, afirmou o petista, que é o presidente da
Comissão de Direitos Humanos do Legislativo.
Para Bruno, a Câmara vai estar atenta ao problema, que precisa ser resolvido
na sua raiz, através da elaboração de uma política de segurança pública que
envolva os poderes e toda a sociedade. “Precisamos criar meios que possam
dar suporte ao trabalho de reintegração dos detentos, devolvendo à sociedade
cidadãos capazes de produzir no mercado de trabalho”, disse.
Os legisladores conversaram com o diretor da Penitenciária, que explicou
toda a estratégia para vencer os rebelados. “Estamos utilizando bombas de
efeito moral, sirenes, luzes e até o helicóptero da PM na tentativa de
vence-los pelo cansaço. Além disso, eles estão sem água e comida”, explicou
José Pinto. Os presos Paulo José de Moura, Glauco Ribeiro Lima, Olivaldo
Gomes da Silva, Arley Oliveira Assis, Gustavo Maria França e Aldair José dos
Santos, líderes do motim, já começam a dar sinais de cansaço, mas mesmo
assim, ainda não sinalizaram avanços nas negociações.
Para os vereadores, a rebelião na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires,
mostra a fragilidade das políticas de segurança adotadas pelo país. “O
problema cresce à medida que não se implantam projetos que possam educar,
tirar nossas crianças e nossos jovens das ruas, do ócio e ainda, que não dão
suporte a ações de ressocialização dos presos, porque é preciso
recupera-los, até mesmo para tira-los das contas públicas”, afirmaram. |