Publicada em: 13/07/2010 - 141 visualizações

Reestruturação dos Correios é tema de audiência

Reestruturação dos Correios é tema de audiência (13/07/2010 00:00:00)
 

Reestruturação dos Correios é tema de audiência

       As condições de trabalho dos ecetistas – empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – no município de Juiz de Fora e a reestruturação da empresa foram o tema da audiência pública desta quarta-feira (14/07). Ela ocorreu atendendo requerimento dos vereadores Flávio Cheker e Roberto Cupolillo (Betão), ambos do PT. Os vereadores mostraram-se preocupados com a possibilidade de transformação da empresa em sociedade anônima. Betão lamentou o processo de sucateamento e a concentração maior de serviço em Juiz de Fora. Esta demanda não poderia ser atendida em função da falta de servidores ou excesso deles em licença. Para Betão, é preciso levar em consideração que com a privatização não haverá a função social dos Correios. Os vereadores proponentes declararam que vão fazer uma representação ao governo federal exigindo abertura de concurso público. Já houve o início do processo com inscrições, mas não obteve seguimento. Foram mais de hum milhão de pessoas inscritas. Os petistas lideraram ainda uma ação para outra representação. Desta vez, para que o governo Lula não assine a medida provisória que transforma os Correios em sociedade anônima. Os dois pediram que a prefeitura cumpra a portaria 311, de 18 de dezembro de 1998, do Ministério das Comunicações, que estabelece o papel do município no cadastramento da numeração correta das ruas para que as correspondências cheguem aos destinos. Flavio Cheker citou o exemplo das faturas mensais da Cemig dos bairros Caiçaras 2 e Milho Branco 2 que não chegam aos destinos. E, embora os Correios tenham sido contratados para efetuar as entregas, eles alegam não existir os bairros, hoje regularizados.
       Betão destacou que os trabalhadores dos Correios são considerados a segunda categoria mais confiável, só perdendo para os bombeiros. E lamentou o quadro reduzido de servidores vitimas de doenças pelo acumulo de pressão e estresse a que são submetidos. Ele relatou que os ecetistas não suportam a sobrecarga, o que prejudica a população. Flávio Cheker mencionou o descumprimento dos acordos coletivos e muita cobrança de resultado. “Queremos trazer a baila um debate aberto a toda população e afastar qualquer possibilidade de privatização”, argumentou. Flávio completou afirmando que é preciso que seja garantido um plano de cargos e salários.
       O gerente regional dos Correios Zona da Mata, Sergio Sacramento, afirmou não ter informações sobre a privatização da empresa. Sua gerência abrange 80 municípios, com 100 agências, sendo que 85 são próprias e 15 franqueadas.Ele discorreu sobre os os dois Planos de Demissão Voluntária (PDV). E relatou que foram 23 perdas nos municípios e 14 em Juiz de Fora. O gerente de Operações e Logística dos Correios, Carlos Vilela Martins, enfatizou a necessidade da empresa precisar prestar contas à sociedade de suas ações. Ele declarou que há um processo delicado por conta dos PDVs, que culminou no desligamento de empregados. Desde então não houve o concurso público para suprir a necessidade. Ele afirmou que estão sendo feitas contratações temporárias até que haja um concurso para atenuar as dificuldades.
       O representante do Ministério do Trabalho na audiência, Antonio Carlos, relatou problemas conhecidos como transporte excessivo de carga com postura inadequada, exposição indevida à radiação solar, acidentes com cães e acréscimo de novas atividades. Ele relatou que os Correios hoje são agências bancarias e a segurança desses trabalhadores é reduzida. Para Antonio, a empresa deveria realizar análise ergonômica do trabalho e aprofundar pesquisa dos problemas para resolvê-los de forma concreta. “Na medida em que os servidores forem reduzidos, os que ficarem vão adoecer e o problema que já é grave, vai ficar mais grave ainda”, advertiu.
       
       Muitos integrantes da plateia manifestaram-se. O diretor do Sindicato dos Correios, Reginaldo de Freitas, disse que os carteiros já não suportam o trabalho. A diretora do Sindicato dos Professores, Aparecida de Oliveira, mostrou-se preocupada com a prefeitura desejar que as escolas da zona rural sejam postos de entrega de correspondências das redondezas. Segundo ela, é um acúmulo de trabalho muito grande para os diretores e a não valorização para os trabalhadores dos Correios. O gerente regional dos Correios Zona da Mata, Sergio Sacramento, disse que existe uma legislação que define que a prestação de serviços pode ser feita com convênio com o município. Um funcionário pode ser treinado pela empresa. Ele afirmou que pode ser o caso da legislação ser alterada pelos meios cabíveis.
       O diretor de Tecnologia do Sindicato Correios, Kleber Pereira Pinto, disse que há perseguição e assédio moral aos trabalhadores. Ele falou que carteiros hoje em dia dão conta de serviços de mais de dois funcionários, numa cidade como Juiz de Fora, de mais de 500 mil habitantes. Ele afirmou ainda que há bairros que não têm correspondência entregue diariamente e que a população com menor poder aquisitivo está discriminada pela ECT. O sindicalista Paulo Lopes reclamou do que considera sobrecarga brutal sobre os carteiros, o que gera afastamentos. Ele disse que atendentes comerciais precisam bater metas altíssimas. Ele falou também que é preciso haver fiscalização porque os Correios fazem atividades de bancos. Paulo pediu ainda que seja contratado pessoal capacitado e qualificado para cada função. O diretor de Saúde do Sindicato dos Correios, Geraldo Franca, citou a falta de reposição de profissionais que saíram pelo PDV. Ele reclamou da cobrança do cumprimento de metas, do problema das doenças ocupacionais e da falta de segurança. O diretor do Sindicato dos Correios, Gustavo Rodrigues, falou de casos em que agências do interior foram assaltadas quatro vezes em seguida. Segundo ele, em vez dos funcionários receberem projetos de segurança, receberam sindicâncias, e ficaram sem assistência.
       
       

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