Depoimentos comprometem prefeito Depoimentos comprometem prefeito
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal havia agendado para a tarde de hoje (12/06) o depoimento de Francisco José de Carvalho Carapinha, conhecido como Bolão. A prisão do empresário pela Operação de Volta a Pasárgada, desencadeada pela Polícia Federal, acabou provocando a marcação de novos depoimentos: os vereadores José Sóter de Figueirôa (PMDB), Flávio Cheker (PT), Bruno Siqueira (PMDB-relator) e o empresário Omar Peres informaram sobre denúncias que receberam do comprador da casa no Recanto dos Lagos, Arlindo José Nogueira de Carvalho. Ele se referiu a um esquema de pagamento de propinas ao prefeito por diversas empresas, além de um plano para assassinar do empresário, através da simulação de um assalto no Rio. As informações teriam sido levadas pela mesma fonte ao promotor Paulo César Ramalho.
O primeiro contato de Arlindo de Carvalho com os vereadores aconteceu no final de março, antes da Operação Pasárgada. Figueirôa se encarregou de registrar, por escrito, as informações repassadas. O informante disse que o prefeito recebe mensalmente cerca de R$ 1,5 milhão em propina para favorecimento de empresas.
Exemplificando citou a Paraopeba – R$ 120 mil em dinheiro; Grupo Sim – R$ 100mil; Queiroz Galvão – R$ 100 mil; a empresa de consultoria pertencente a Luiz Wagner Balieiro – R$ 50 mil. Das empresas de ônibus, Bejani teria recebido R$ 2,4 milhões distribuídos em um ano. O dinheiro corresponde a R$ 200 mil para cada centavo a mais cobrado na passagem de ônibus acima do valor devido.
Quando adquiriu a casa de Bejani no Recanto dos Lagos, Arlindo de Carvalho disse ter encontrado três cofres com R$ 9 milhões em dinheiro vivo, além de cestas básicas que eram distribuídas pela primeira dama, Vanessa Loçasso. A mesma fonte disse que Bejani possui uma fazenda em Liberdade, no valor de R$ 2 milhões, que se encontra em nome de Marcelo Detoni; quatro veículos em nome de um motorista da Prefeitura, conhecido por Marcondes, além de um caminhão zero km em nome do caseiro de
Francisco José de Carvalho Carapinha.
Figueirôa relatou que Arlindo de Carvalho ainda falou sobre um carro alugado que levava as crianças na escola e um escritório na Avenida Rio Branco em nome de Abrahão Elias Filho, advogado do Grupo SIM.
No ato de assinatura do contrato da Prefeitura com a TCQ, Sueli Reis se negou a assiná-lo. Ela entrou em licença médica, sendo substituída por Rogério Ghedin, que o teria feito. Arlindo de Carvalho ainda teria presenciado a assinatura de cheques pelo superintendente da Amac, João Batista, para pagamento de uma suposta compra de carne do Matadouro de Marcelo Detoni.
Outra informação que surpreendeu foi sobre o assalto à Fazenda Liberdade. O crime teria um sobrinho de Bejani como mentor intelectual. A idéia era ele se encontrar com os bandidos na BR-040, mas os criminosos romperam com o acordo, levando R$ 700 mil.
A Flávio Cheker, Arlindo de Carvalho disse que sua atitude de contar o que sabia foi motivada por uma dívida não paga por Bejani, além do fato de não ter recebido a escritura da casa que havia comprado.
Bruno Siqueira tomou atitudes imediatas diante da informação sobre um esquema para matar Omar Peres. O peemedebista fez contato com o empresário, que passou a circular acompanhado de seguranças e com carro blindado. Segundo Arlindo de Carvalho, Marcelo Detoni considerava ideal o assassinato no Rio.
Em maio, Arlindo de Carvalho voltaria a cena ao intermediar um encontro de Omar Peres com Bejani na casa do Recanto dos Lagos. Na oportunidade, o prefeito teria solicitado que Omar Peres reduzisse as críticas que vinha fazendo a ele.
Depoente diz que caminhão pertence a Carapinha
Pela manhã, A CPI ouviu José Alvarez de Souza, apontado como proprietário do caminhão Volkswagem placa HFT-1648 apreendido na Fazenda Liberdade, quando da Operação Pasárgada.
Ele disse que o veículo pertence a Francisco José de Carvalho Carapinha, patrão de sua mulher e conhecido por Bolão, e que o empresário o adquiriu para que ele pudesse utilizá-lo como meio de trabalho. Francisco José realiza fretes cujo lucro divide com Bolão. Segundo ele, nos meses mais rentáveis consegue R$ 700,00, ou seja, fica com R$ 350 e os outros R$ 350, com Bolão.
O caminhão estava na Fazenda Liberdade porque ele faria um carreto para o prefeito Alberto Bejani, levando milho para outra fazenda. Como a sua chegada sofreu atraso, ele deixou o veículo no local, com a intenção de fazer o trabalho no dia seguinte, Coincidentemente, o da Operação Pasárgada.
José Alvarez afirmou que possui carteira “D”, que lhe dá o direito de dirigir veículo pesado, mas a CPI apurou, junto ao Detran, que a sua habilitação está vencida desde 10 de janeiro de 2006.
Ao entregar os documentos do caminhão, o depoente afirmou que havia perdido a primeira via. Apurações feitas pela CPI revelam que a segunda foi tirada em 22 de fevereiro, a pedido do prefeito Alberto Bejani. Um funcionário da Prefeitura foi encarregado de tomar as providências.
Sobre as dificuldades enfrentadas para localizá-lo, José Alvarez de Souza se limitou a dizer que realizou uma viagem para Santo Antônio do Aventureiro, razão pela qual não tinha conhecimento de que estava sendo procurado para depor.
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