Uma dívida de R$70 mil com quatro credores. Um valor alto para a corretora de imóveis Lívia Vieira dos Santos, 37 anos, pagar. Tanto que ela procurou ajuda do Programa de Assistência aos Superendividados (PAS) do Serviço de Atendimento ao Consumidor (Sedecon) para se livrar dos juros abusivos e da dívida. Uma audiência com as financiadoras aconteceu no dia 05 de agosto. “Eu cheguei a perder o sono e minha saúde mental por conta dessa dívida. Passei a tomar remédio para ansiedade. Todos os dias, eu recebia ligação de cobrança com ameaças de todas as formas. Deixam a gente com medo. Diziam até que iam bloquear minha CNH”, contou.

Por meio do Sedecon, Lívia conseguiu reduzir a dívida para R$32 mil na primeira audiência. Com uma das financiadoras, o valor passou de R$17 mil para R$5 mil. Vai pagar em 21 parcelas de R$250. Uma segunda credora apresentou uma contraproposta dentro das condições financeiras da Lívia. No entanto, duas delas insistem na cobrança da dívida com juros, considerados pelo Sedecon abusivos. Assim, Lívia vai recorrer à Justiça. “Esse é um direito do consumidor. Se ele acha que o juro está abusivo e não vai conseguir pagar, pode questionar numa ação judicial”, afirma a coordenadora do PAS, Luciana Santos. 

Endividamento

Lívia conta que a dívida começou durante a pandemia. Ela tinha renda e padrão de vida altos, garantidos pela venda de imóveis. No entanto, no período pandêmico houve queda drástica nas negociações que ela fazia. E, se reserva, não conseguiu pagar as contas. “Foi nesse momento, que comecei a usar um cartão para pagar a dívida de outro cartão. E começou a bola de neve. Cheguei a refinanciar meu carro, mas ainda assim não dei conta. Os juros dobraram minha dívida”, afirma. 

A dívida se tornou um tormento até que a corretora de imóveis descobriu o Programa de Assistência aos Superendividados. No curso de educação financeira, Lívia conseguiu enxergar uma luz no fim do túnel. “Eu estava no buraco e não sabia como sair. Aqui eu fui acolhida e isso foi muito importante pra mim. Me trouxe uma visão melhor sobre a minha situação e, principalmente, me ensinou a ver o dinheiro como uma ferramenta de liberdade. Depois da palestra, eu tive um acompanhamento durante 4 sessões de terapia financeira. Esse acolhimento me trouxe tranquilidade”, afirma Lívia. 

Educação Financeira

O curso do PAS de Educação Financeira aborda desde a organização, hábitos nocivos, definição das metas e objetivos, poupança até a quebra de ciclos e paradigmas. A educadora financeira Luciana Santos, responsável pelo curso, disse que o programa se desenvolveu em três partes: primeiro a palestra, depois o acompanhamento individual e por fim às negociações com as instituições credoras. “O saldo positivo do nosso programa não é apenas negociar as dívidas, o intuito é trabalhar o comportamento deste consumidor. Queremos que ele participe do curso e depois faça as terapias financeiras para que ele não retorne ao endividamento. A audiência de negociação é extremamente importante para sensibilizar os credores sobre a situação dos endividados”, constatou.

O Brasil ainda ocupa a 74ª posição no ranking mundial de educação financeira. Isso significa que o país está muito abaixo da necessidade para formar uma consciência de poupança. O Sedecon aponta crescimento no número de pessoas superendividadas. “Dívidas todos nós temos, mas o superendividado é aquele que já tem cerca de 70% da sua renda comprometida. Nós atendemos pessoas nessas condições diariamente, negociamos suas dívidas, parcelamos, mas passam uns meses e a pessoa volta, porque ela não foi educada financeiramente”, lembrou Luciana.

Serviço

O Sedecon fica na Rua Marechal Deodoro, 722. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Dúvidas também são respondidas pelo WhatsApp (32) 99183-2872. O próximo curso de educação financeira acontece no dia 21 de agosto, a partir das 9h. 

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