A Câmara Municipal de Juiz de Fora recebeu, na noite da última terça-feira, 24, representantes da Associação de Pessoas Trans e Travestis de Juiz de Fora (Astra-JF), do coletivo Mães pela Liberdade e de diversas instituições para uma roda de conversa em alusão ao Mês do Orgulho LGBTQIAPN+. A iniciativa, apoiada pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara, foi realizada em homenagem ao Dia Internacional do Orgulho LBGTQIAPN+, no próximo dia 28 de junho.

Entre os temas debatidos, estiveram a ausência de leis federais que garantam direitos como o casamento homoafetivo e o uso do nome social, a necessidade de políticas públicas efetivas e o papel da sociedade na desconstrução de estigmas. “São pessoas, em sua grande maioria, marginalizadas e que precisam ser ouvidas. Quando a gente envolve o Poder Público, é uma forma de garantir e reforçar direitos”, pontuou Sara Cristian, do Centro de Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora e Território Mata, entidade que também participou do evento.

A iniciativa contou com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal. A presidente do colegiado, vereadora Cida Oliveira (PT), destacou o compromisso do Legislativo com o debate. “A sociedade já exclui demais essa população. Por isso, a Câmara faz seu dever de casa ao trazer essas pessoas para o centro da discussão. Precisamos efetivar políticas públicas que deem dignidade à população LGBTQIAPN+”, classifica a parlamentar.

Além dos coletivos LGBTQIAPN+ da cidade e do Centro de Referência, participaram ainda do evento a OAB/JF, através da Comissão de Diversidade de Gênero, e representantes da sociedade civil. “Estamos aqui no Poder Legislativo fazendo o nosso direito de cidadão, trazendo um tema que a cidade precisa discutir. Estamos exercendo a nossa característica de seres políticos que se relacionam entre nós e com a cidade”, destacou Pietro Pizziolo, advogado e professor de direito constitucional. Ele ainda afirmou, na ocasião, que “sem luta para transformar a realidade, as estruturas sociais vão continuar massacrando as pessoas da mesma forma”, sugerindo um espaço maior para debates sobre os direitos da população LGBTQIAPN+ na cidade.

Caluã Eloi é escritor e homem trans. Mora em Juiz de Fora e presta consultoria em diversidade e inclusão em empresas em todo o Brasil. Durante sua fala, ele mencionou que tem o costume de “brincar que meu trabalho é hackear o sistema por dentro”. Para Caluã, é essencial levar representatividade para outros espaços, como a literatura. “Tento levar pras minhas histórias esse tema, com protagonistas da comunidade LGBTQIAPN+ trazendo histórias de romance e temas mais comuns, como romance, porque pra gente até mesmo esses temas não podem ser tratados”, classificou.

Mês do Orgulho LGBTQIAPN+

O mês de junho é celebrado mundialmente como o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ em referência à Revolta de Stonewall, nos Estados Unidos, em 28 de junho de 1969. Naquele dia, frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York, resistiram a uma abordagem violenta da polícia, marcando um levante contra a perseguição e a discriminação sofridas pela comunidade LGBTQIAPN+. O episódio se tornou um símbolo da luta por direitos civis e liberdade, dando origem às primeiras marchas do orgulho e à consolidação do movimento em defesa da diversidade sexual e de gênero em todo o mundo.

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