Publicada em: 04/04/2025 - 317 visualizações
Quando Wilson Coury Jabour subiu à Tribuna da Câmara Municipal, direto como era, ele já logo disse: “Venho há mais de um ano perseguindo a candidatura à Prefeitura de Juiz de Fora, quando, inclusive, meu nome foi indicado pelo companheiro, José Geraldo de Oliveira”. Já passava das 20h, daquele 4 de julho de 1982. Wilson Jabour falava para uma plateia pequena e 13 dos 19 vereadores no Plenário. Aquele discurso de cinco minutos com prorrogação de mais cinco já era o sinal de uma disputa dentro do próprio partido do vereador.
Wilson Coury Jabour vinha da Arena e trabalhava intensamente para o antigo PMDB se consolidar no município. Conhecido pelo compromisso político partidário e pela ética, alegava aos colegas que tinha trabalhado intensamente para manter o partido na “crista dos acontecimentos”. Foi elogiado pelo então deputado federal Tarcísio Delgado. Jabour se dizia decepcionado porque tinha ouvido que o médico João Carlos Arantes tinha o consenso do grupo para ser o candidato na disputa pela Prefeitura de Juiz de Fora, naquele ano.
A discussão saiu da Tribuna. E os partidários de Jabour também se manifestaram. Ivan de Castro reafirmou as conversas em torno do nome do colega, dizendo que o apoiava. E que ele próprio já ouvira de Tarcísio Delgado que não se candidataria.
No dia 15 de novembro, os juiz-foranos foram às urnas escolher governador, senador, deputados federal e estadual, prefeito e vereador. E a eleição foi vencida por Tarcísio Delgado como prefeito e João Carlos Arantes como vice-prefeito. Fiel ao grupo, e numa abnegação política incomparável, Wilson Jabour foi reeleito para mais um mandato de vereador.
Memória
Essa é apenas uma das muitas nuances da história política de Juiz de Fora no início da década de 1980, registradas com riqueza de detalhes nas atas das Reuniões Ordinárias da Câmara Municipal.
Agora, o acesso a esses registros ficou mais fácil. A Câmara Municipal de Juiz de Fora concluiu um importante projeto de digitalização de atas manuscritas, garantindo a preservação de documentos históricos que contam a evolução da cidade de janeiro de 1950 a dezembro de 2002. No total, foram escaneadas 21.843 páginas em altíssima resolução.
As atas digitalizadas registram acontecimentos políticos e sociais fundamentais de Juiz de Fora, incluindo debates sobre a abertura de ruas, instalação de empresas, definição de tarifas de ônibus e homenagens prestadas pela Câmara. Há também relatos de momentos emblemáticos da história nacional, evidenciando como os vereadores se posicionaram em Plenário nesses períodos.
O presidente da Câmara, vereador Zé Márcio-Garotinho (PDT), destaca a importância dessa iniciativa para a preservação da história local. “Esse trabalho é fundamental para garantir o acesso às nossas memórias políticas e sociais. São documentos que mostram o desenvolvimento de Juiz de Fora ao longo das décadas e permitem que pesquisadores, historiadores e a população conheçam melhor a trajetória do município”, afirmou Garotinho, reforçando que este é um dos projetos de resgate da memória que a Câmara Municipal está desenvolvendo.
Com a digitalização, o acesso às atas se tornará mais ágil e democrático, facilitando pesquisas e consultas. Além disso, o projeto assegura a preservação dos documentos originais, evitando desgastes naturais causados pelo manuseio. “Entre os pontos mais relevantes da digitalização das atas, destaco a divulgação e a facilidade de acesso ao conteúdo. Esses registros documentam momentos únicos e representam uma fonte riquíssima de pesquisa e conhecimento sobre nossa história. O acesso sempre foi aberto ao público, mas agora os cidadãos poderão consultá-los de suas próprias casas”, afirma a superintendente de Preservação Institucional e Memória, Nilma Ferreira de Sá.
O trabalho, realizado por historiadores da Câmara, é fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora, por meio do Centro de Conservação da Memória. A iniciativa reforça o compromisso da Câmara Municipal de Juiz de Fora com a valorização da memória coletiva e o fortalecimento da identidade histórica do município. “Essa é a melhor fonte primária de informações históricas e será essencial para diversas pesquisas”, afirma o historiador e mestrando Bernardo Venâncio Netto.
Alta resolução
A digitalização foi feita com um scanner a laser de última geração, garantindo a integridade dos documentos originais. Além disto, a qualidade está bem acima do previsto no Decreto nº 10.278/2020, que prevê qualidade de até 300 dpi para a digitalização de documentos públicos.
As mais de 21 mil páginas digitalizadas compõem 45 livros de atas de 52 anos de atas de reuniões ordinárias e extraordinárias da câmara estão digitalizadas em 1200 dpis. “Isso significa que, além de preservar fielmente o conteúdo histórico, a altíssima resolução assegura maior nitidez, facilitando a leitura, a ampliação e o processamento digital dos documentos”, afirma o superintendente de Comunicação da Câmara, Warley Bueno.
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