Publicada em: 22/03/2022 - 1405 visualizações
A discussão aconteceu na tarde de hoje, 22, e foi requerida pela vereadora Cida Oliveira; engenheiros e representantes da PJF estiveram presentes
O papel social da água, a despoluição do Rio Paraibuna e a invisibilidade dos mananciais de Juiz de Fora foram algumas das pautas da Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) na tarde desta terça-feira, 22. O encontro foi requerido pela vereadora Cida Oliveira (PT) devido à importância do tema e também como forma de debater a questão no dia em que se celebram os 30 anos de criação do Dia Mundial da Água.
Para abrir a sessão, Cida ressaltou a posição de destaque do Brasil quando o assunto é abastecimento. “Nós temos a maior reserva de água subterrânea e potável do mundo, 12% dela está aqui no nosso país. Porém, também sofremos com a dificuldade de acesso a ela pela população mais vulnerável”, disse. A vereadora pontuou também que falar de água é falar da questão social, da desigualdade e da distribuição social. “Com o avanço da COVID-19, quais eram os principais protocolos? Lavar as mãos, manter a distância, usar álcool em gel. Mas quando você fala em lavar as mãos, como é que vai chegar esse lavar as mãos às famílias mais vulneráveis? A água deveria ser um bem natural para todos e em abundância, mas será que a água cumpre o papel social que deveria cumprir?”, perguntou. Sobre o Rio Paraibuna, a parlamentar disse que “falar da água é lembrar do nosso rio e o que ele foi para a história, grande fonte de pesca. Nós temos um sonho a realizar que é a despoluição e a gente sabe que não é fácil”.
O Paraibuna também foi tema da fala do professor doutor e coordenador do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna, Wilson Acácio. Em uma breve apresentação, o professor apresentou um panorama do manancial no último século: de rio navegável, gerador de energia, ao afluente assoreado e poluído. Ainda durante a sua fala, Wilson destacou a situação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União Indústria no Granjas Bethel. “Em 2018, a ETE foi inaugurada, uma obra que teve investimento de R$ 25 milhões, com a promessa de que 850 litros por segundo de esgoto seriam tratados, 50% de toda a cidade. Hoje, ela trata 15 litros por segundos”, afirmou. O professor ressaltou, ainda, que “R$ 105 milhões já foram gastos para despoluir o Rio Paraibuna e ainda não houve resultado. Juiz de Fora trata apenas 8% do seu esgoto. É uma vergonha gastar R$ 105 milhões e tratar apenas 8%, quando a média nacional é de 46%. Para completar, Juiz de Fora é a [cidade] que mais polui dentro da Bacia do Paraíba do Sul”.
O engenheiro e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Pedro Machado levou ao Plenário plantas do século XIX mostrando como os mananciais da cidade foram invisibilizados ao longo das décadas. “Nós escondemos os nossos cursos d’água debaixo de densas camadas de asfalto. Nossos córregos só aparecem nas chuvas”, disse, afirmando, ainda, que “o Rio Paraibuna não tem mais um milímetro que seja do traçado original”.
Respondendo ao questionamento sobre a despoluição do Rio Paraibuna, o diretor-presidente da Cesama, Júlio Teixeira, destacou que o processo é lento, demorado e complexo. O gerente da autarquia afirmou, ainda, que “as obras estão andando e evoluindo, enfrentando fortes desafios”. “Hoje temos a obra de interceptores concluída da ponte de Santa Terezinha até a ETE de Granjas Bethel, porém sem funcionar. No meio do caminho houve roubo de fiações, equipamentos, um total de 22 ocorrências, R$ 900 mil em danos. Estava pronto e precisa agora ser refeita”. Julio Teixeira concluiu afirmando que espera que “muito em breve tenhamos 47% do esgoto da cidade tratado”.
Participaram da Audiência Pública a secretária de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (SESMAUR), Aline Junqueira; o professor da UFJF Emerson José da Silveira; a representante do Comitê de Cidadania de Juiz de Fora Maria Aparecida de Oliveira; e os representantes do Programa de Educação Ambiental (PREA) e do Amigos Mãos Abertas (AMA-JF) Mateus Machado e Teodoro Guerra, respectivamente. Os vereadores Zé Márcio Garotinho (PV), Bejani Júnior (PODE), Laiz Perrut (PT), Vagner de Oliveira (PSB), André Luiz (REPUBLICANOS) e Kátia Franco Protetora (PSC) também estiveram presentes.
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