Poder Legislativo convocou gestores da saúde de Juiz de Fora para debater problemas como o atraso na marcação de procedimentos, limitação de oferta e necessidade de manutenção de equipamentos de anestesiologia

A Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) se reuniu nesta terça-feira, 5, para debater aspectos importantes da área da saúde no município, principalmente em relação às cirurgias eletivas, à condição do Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS) e aos serviços de urgência da cidade. O encontro atendeu ao Requerimento do vereador Sargento Mello Casal (PTB) de convocação de representantes da Secretaria de Saúde (SS) e da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF)  para prestar esclarecimentos. Reunidos com os convocados, além do proponente, estiveram presentes os vereadores e as vereadoras da Câmara, Juraci Scheffer (PT - presidente da CMJF), André Luiz (REPUBLICANOS), Bejani Júnior (PATRIOTA), Cida Oliveira (PT), Dr. Antônio Aguiar (DEM), João Wagner Antoniol (PSC), Julinho Rossignoli (PATRIOTA),  Kátia Franco Protetora (PSC), Laiz Perrut (PT), Marlon Siqueira (PP), Maurício Delgado (DEM), Nilton Militão (PSD), Pardal (PSL), Tallia Sobral (PSOL), Tiago Bonecão (CIDADANIA), Vagner de Oliveira (PSB) e Zé Márcio Garotinho (PV), além de convidados como os representantes do Conselho Municipal de Saúde e da Ouvidoria Municipal de Saúde.

“Estamos até antes do início do Período Legislativo, discutindo um assunto importante para a cidade. Aqui foi colocada uma situação fática que precisa de resposta. Em relação ao HPS, todos nós respeitamos o seu valor, mas precisamos corrigir erros que podem surgir”, destacou o presidente Juraci Scheffer no encontro. "Todos os vereadores recebem dezenas de mensagens todos os dias sobre transferências e cirurgias. Queremos uma saúde cada vez melhor, mais humana e que salve vidas", resumiu o representante da Mesa Diretora, que agendou a reunião.

Iniciando os discursos, o vereador Sargento Mello Casal elencou problemas como a demora na marcação de cirurgias, e que a falta de manutenção nos aparelhos de anestesiologia poderia ser uma das causas do problema. “Equipamentos sem manutenção alguma, que podem deixar na mão quem está na linha de frente”, destacou o parlamentar. Na mesma linha, Bejani Júnior apontou a necessidade de um trabalho em conjunto: “precisamos de mais investimento e cuidado com os pacientes”, destacando que realizou uma visita ao HPS e viu a necessidade de melhorias em vários setores. Já João Vagner Antoniol defendeu que “as UPAs são a linha de frente da saúde”, questionando sobre a renovação dos contratos pelo serviço.

Convidado para a reunião, o coordenador do setor de Anestesiologia do HPS, dr. Leandro Raso, denunciou a falta de manutenção dos três equipamentos para anestesia, e que a última ação de conservação teria sido feita em agosto de 2018: “são três aparelhos responsáveis por atender às cirurgias mais graves, de toda a região”. O médico explicou que ao saber que a manutenção prevista - e orçada em R$ 38 mil - não seria feita, redigiu imediatamente um Memorando à SS ratificando a necessidade do empenho. O documento foi encaminhado em maio; em junho, o primeiro equipamento teve seu uso impossibilitado; em setembro, o segundo; e hoje, segundo o coordenador, o serviço de cirurgia funciona apenas com um aparelho próprio do HPS e dois emprestados por outras instituições hospitalares. 

Respondendo às demandas, a secretária adjunta de Saúde, Ana Luísa Guimarães, apontou problemas burocráticos processuais como causa do atraso na renovação do contrato de manutenção dos equipamentos de anestesia. “Quando assumimos a secretaria, encontramos uma série de contratos terminados, seja de suprimentos, serviços e manutenção, que deveriam estar vigentes”. Segundo ela, era preciso fazer uma atualização de todas as documentações e certidões, tendo em vista que configuraria renovação do contrato de 2018. “Não podíamos dar como certo um processo de três anos atrás”. Sobre a questão das UPAs, a gestora dá um prazo para a resolução: "o edital está aberto e o pregão marcado para o dia 15 de outubro”.

Sobre os questionamentos a respeito da estrutura no maior hospital público da cidade, a gestora responsável pelo HPS, a subsecretaria de Urgência e Emergência da SS, Renata Prado, respondeu que o Executivo adquiriu 24 novas camas, que estão sendo substituídas. A servidora destacou ainda que a instalação de tanques de oxigênio melhores e geradores de emergência recentemente no espaço melhoraram a estrutura do hospital. Ainda sobre a questão dos chamados “carrinhos de anestesia”, enfatizou: “Nenhum paciente deixou de ser atendido e não perdemos ninguém pelo problema contextual que estamos tendo”.

Parlamentares cobram a realização de cirurgias eletivas

Na esteira da busca por melhores serviços de saúde, diversos vereadores apontaram a necessidade de aumento das cirurgias eletivas, em especial, os procedimentos vasculares. A secretária de Saúde, Ana Pimentel, confirmou a necessidade de ampliação da quantidade de cirurgias vasculares e outros "gargalos históricos”, como as cirurgias ortopédicas e pediátricas. A médica apontou que, além da possibilidade de habilitação de novos hospitais prestadores interessados, a depender também do estado, “estamos reorganizando a rede hospitalar, que estava preparada para a pandemia. Diante da melhora, estamos desmobilizando leitos, redirecionando para novos atendimentos, como as eletivas”. Segundo a pasta, já foram 20 no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), 8 leitos no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF) e 10 no HPS.

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