A reunião contou com a participação de representantes de grupos, movimentos e coletivos ligados à luta pela igualdade; grupo de parlamentares quer ouvir e discutir problemas 
 

A Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) realizou a primeira reunião da Comissão Especial para a Igualdade Racial, grupo formado pelas vereadoras Laiz Perrut (PT - presidente), Cida Oliveira (PT) e Tallia Sobral (PSOL) e também pelo parlamentar Nilton Militão (PSD). O lançamento da comissão se deu na tarde desta quinta-feira, 13, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, e contou com a participação de grupos, movimentos e coletivos de negros e negras. O presidente da CMJF, vereador Juraci Scheffer (PT), que também foi autor do Requerimento para a criação da comissão, e o parlamentar Maurício Delgado (DEM) também marcaram presença. 

Abrindo os trabalhos do dia, Scheffer destacou a importância da criação do grupo e que a comissão merece uma visibilidade especial por ser bastante representativa para a cidade. “Tenho certeza de que aqui será um espaço para discutirmos várias questões, entre elas o racismo estrutural e a morte da juventude negra. Espero que, no futuro, esta comissão se transforme em permanente.”, afirmou, explicando que, por conta do cargo de presidente do Legislativo, pôde assinar a portaria de criação da Comissão, mas não fazer parte dela como membro. A vereadora e presidente da comissão, Laiz Perrut, afirmou que a criação do grupo tem a intenção de abrir um espaço de trocas. “Aqui nós não falamos sozinhos. Este é um espaço aberto para os movimentos sociais e nós queremos criar um canal de voz com a sociedade organizada, uma comissão participativa. A gente espera fazer um debate intersetorial, fortalecer conselhos, receber demandas, ouvir os movimentos”, disse. 

Cida Oliveira destacou que o grupo pretende “construir resistência, lutar por uma sociedade mais justa e discutir com os grupos como podemos combater a discriminação e a desigualdade”. Em sua fala, a vereadora Tallia Sobral relembrou que a primeira reunião da comissão se deu em um dia simbólico em que “várias mobilizações acontecem pelo país em luta e luto pela chacina ocorrida em Jacarezinho, no Rio de Janeiro”. A parlamentar também destacou a importância da busca pelo espaço da população preta dentro da cidade. “O silenciamento pelo racismo estrutural tira essas pessoas dos espaços de construção. Por isso precisamos fazer uma caminhada bem próxima para que essa construção seja efetiva e coletiva”, completou. 

Representatividade em pauta

Representantes de movimentos e da sociedade civil também foram convidados a participar da reunião e apresentar suas demandas, ideias e pautas. Robson Marques, membro da Secretaria de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores (Secra/PT), relembrou que a proposta da comissão foi feita junto à presidência da CMJF e que a criação da mesma é fundamental para a população preta do município e para a promoção do diálogo, ouvindo as demanda e ajudando na construção de políticas públicas. Para a integrante do Fórum 8M, Lucimara Reis, “o fato de constituir uma comissão especial para tratar de igualdade racial diz muito sobre a nossa sociedade”. Para ela, Juiz de Fora precisa se rever, precisa se reconhecer como cidade negra, construída sobre a base do trabalho escravo. “A comissão é mais um espaço para acolher os movimentos, resgatar a construção da história da nossa cidade. JF precisa se olhar melhor, não em um espelho embaçado, mas em um espelho real”, disse. 

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