Publicada em: 13/03/2024 - 242 visualizações
“É um pedido de socorro”. Com várias falas parecidas, a Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) foi um apelo de mães e pais de crianças autistas a juízes, vereadores e representantes do Poder Público para uma solução capaz de garantir tratamentos adequados a crianças. Falta de terapias, de capacitação de profissionais, retirada de medicamentos fundamentais foram algumas das muitas reivindicações apresentadas no Plenário da CMJF nesta terça-feira, 12. Embora convidadas, as empresas Unimed, Plasc e Sabin Sinai não compareceram ao debate.
O encontro faz parte dos esforços de pais e entidades representativas para mudanças urgentes. O vereador Dr. Antônio Aguiar (UNIÃO), autor do Requerimento para o debate, deu ênfase a dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): em 20 anos, 50% dos atendimentos de crianças serão de casos de problemas de neurodesenvolvimento, a maioria deles com diagnóstico para autismo, e defendeu o diagnóstico e as intervenções precoces. “Nos primeiros 1.000 dias de vida, o sistema nervoso da criança tem intensa plasticidade, as intervenções nesta fase têm impacto na vida das crianças. É indispensável aproveitar essa janela de oportunidade para diagnosticar e começar com as terapias”.
Com três filhos autistas, a presidente do Grupo de Apoio a Profissionais e Pais de Pessoas com Autismo (Gappa), Ariene Menezes, contou a experiência percebida pelas diferentes condições de tratamento oferecidas pela assistência à saúde a cada um. “Há uma diferença grande entre o desenvolvimento deles porque um deles não teve os mesmos tratamentos. E precisei parar de trabalhar por um período. [...] E no momento passo pelo problema da falta de pagamentos por 4 meses pelo plano da Unimed da terapia ocupacional, fisioterapia e psicopedagoga. Mandei e-mails e não me responderam. Entrei em contato com a ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] e aí resolveram”. Ela reforçou ainda a continuidade dos tratamentos das crianças para evitar a regressão.
A interrupção do tratamento é um dos pavores de Lilian Serrano Rosa, mãe de uma criança autista - Henry, de 12 anos. Ela narrou os avanços do filho com tratamento à base de canabidiol, única medicação que deu resultados, e agora suspenso pela Unimed. Ela contou ainda sobre momentos de mutilação e agressividade da criança. “Com a medicação ele teve progresso. Meu menino fez amigos na escola, ele começou a copiar do quadro na sala de aula. É preciso que os planos tenham mais respeito”.
Participaram do debate também os vereadores Laiz Perrut (PT), Marlon Siqueira (PP), Tallia Sobral (PSOL), Vagner de Oliveira (PSB) e André Luiz (REPUBLICANOS).
Assista à Audiência Pública no canal da JFTV.
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