Publicada em: 17/03/2005 - 540 visualizações

Vicentão rebate críticas sobre assistencialismo

Vicentão rebate críticas sobre assistencialismo (17/03/2005 00:00:00)
 

Vicentão rebate críticas sobre assistencialismo

       O Presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Vereador Vicentão, ocupou a tribuna na reunião ordinária de hoje (17/05) para rebater as críticas que ele e os outros membros da nova legislatura vêm sofrendo desde a eleição. Freqüentemente, os legisladores têm sido apontados como assistencialistas. Diariamente são procurados por dezenas de pessoas no Palácio Barbosa Lima em busca de ajuda. A maioria, segundo os próprios vereadores, quer emprego. Veja a íntegra do pronunciamento de Vicentão.
       
       Qual é o limite da solidariedade?
       
       
       Proponho a todos uma reflexão. Reflexão que tenho feito durante esses dezesseis anos de minha vida pública, em favor de uma sociedade mais justa e democrática.
        Inicialmente, quero chamar a atenção de todos para os números. São dados que apontam para uma triste realidade brasileira: a da miséria, a do desespero de um pai e de uma mãe de família que não têm o que dar de comer para seus filhos.
        O relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, feito há dois anos, apontou estatísticas alarmantes. Embora o Brasil apresente uma das maiores concentrações de renda do mundo, é um país de contradições: os 10% mais ricos possuem uma renda 44 vezes maior do que os 10% mais pobres.
        Segundo o IBGE, 12,5 milhões de brasileiros estão desempregados. Metade da nossa população vive com dois salários mínimos e meio. Nas regiões mais pobres, 44,7% dos trabalhadores ganham, no máximo, um salário mínimo. Quase 60% dos assalariados não possuem carteira assinada. Existe trabalho escravo e cinco milhões e meio de crianças e adolescentes trabalham, quando deveriam estar estudando.
        Mas essa situação de vexame nacional é ainda mais grave: 60 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza. Vejam bem, eu vou repetir: 60 milhões de brasileiros, que deveriam ser chamados de cidadãos não contam com o mínimo necessário para as necessidades básicas de alimentação, vestuário, habitação e transporte. Pior que isso, entre esses miseráveis, há mais de vinte e cinco milhões de indigentes.
        Outro dado revelado pela pesquisa da ONU é o seguinte: o Brasil tem a segunda maior taxa de mortalidade por homicídios do planeta. Essa é a principal causa de morte entre homens de 15 e 24 anos: são 30 homicídios para cada 100 mil habitantes e a população carcerária é de trezentos mil presos.
        Números como esses, eu poderia continuar trazendo aqui. Entretanto, isso foi apenas uma amostra de um assunto que, como eu disse no início da minha fala, gostaria de colocar à reflexão.
        É público, a imprensa tem feito questão de noticiar e muitas pessoas de comentar, o fato das longas filas de cidadãos que se formam nos corredores do Palácio Barbosa Lima em busca dos vereadores. Eu, Vereador Vicentão, Presidente do Legislativo, legítimo representante da vontade do povo, posso dizer que conheço como ninguém essa situação.
        Diariamente sou procurado por dezenas de pessoas. Desesperadas, a maioria vem em busca de emprego, de cesta básica, de material de construção, de vaga em hospital ou de outras necessidades.
        Muitas vezes não conseguimos resolver a maioria desses problemas, mas , com certeza, não deixamos de atender a nenhum cidadão que nos procura, seja para pedir a coisa mais simples ou a mais complicada.
        Muitas vezes, esse povo humilde, essa gente simples que vem até o Vereador, que tem, é claro, suas necessidades de sobrevivência, quer mais além daquilo que pede: quer atenção, quer consideração, quer ser escutado por aquele a quem julga o seu representante, seu amigo, aquele que pode tentar ajudá-lo num momento de dificuldade.
        Estou dizendo tudo isso para acabar de vez com essa polêmica sobre o perfil da nova Câmara Municipal, dos novos vereadores. Desde que fomos eleitos, a imprensa e a população em geral têm nos dado o rótulo, isso mesmo, o rótulo, de assistencialista, paternalista, populista.
        O que quero dizer, nesse momento de reflexão e, por que não dizer, desabafo, é que, de maneira geral, as pessoas deveriam criticar com mais propriedade, mais conhecimento, mais despojamento e com menos preconceito.
        Não vi, salvo engano, em nenhuma das críticas sobre o assistencialismo na Câmara, principalmente no que diz respeito a este Vereador, qualquer referência aos índices de miséria, de fome, de desemprego.
        O que vi, ao contrário, foi uma preocupação extrema em desqualificar o nosso trabalho, como se devêssemos ficar “encastelados” nesse Palácio Barbosa Lima, inertes, apreciadores de uma realidade que já ficou para trás.
        Para quem não sabe, vivemos uma nova era. O Poder Legislativo hoje, sem abrir mão de suas funções legítimas de elaborador das leis e fiscalizador do Executivo, se reveste de um novo perfil: é prestador de serviços também. Haja vista as inúmeras ações que estamos empreendendo para que esta Casa possa estar cada vez mais sintonizada com esse fundamento, como é o caso do Centro de Atenção ao Cidadão, da Escola de Cidadania, da Internet Popular, da Internet Popular para portadores de deficiência, do Serviço de Defesa do Consumidor e, proximamente, do Setor de Identificação.
        Meus amigos, se ser assistencialista, paternalista, populista é atender ao povo com carinho, com atenção, com dignidade, com presteza, é fazer o mínimo que se espera de uma pessoa que tenha educação, digo, assino embaixo, sou assistencialista.
        E digo mais, não me interessa polêmica sobre rótulos, sobre adjetivos, o que me interessa é trabalhar, trabalhar com dignidade e, a cada dia mais, para poder atender a esse povo sofrido, desamparado, pois a legitimidade do Poder Legislativo está, também, em sua capacidade de atender à sua finalidade, que é proteger a vida de seus cidadãos.
        Para finalizar, respondendo àqueles que estão preocupados apenas em criticar as iniciativas daqueles que estão preocupados em engrandecer essa cidade, engrandecer o Poder Legislativo, reafirmamos nosso compromisso enquanto Presidente desta Casa: o Poder Legislativo de Juiz de Fora terá uma nova sede, ampla, moderna e sintonizada com seu povo e seus representantes.
        Para quem pensa que uma questão dessa é dispensável ou menor, para quem pensa que atender a uma pessoa angustiada, que está passando por um momento difícil, é assistencialismo, eu tenho uma única resposta: o trabalho sério, competente, dinâmico e realizador e o reconhecimento do meu povo que me reconduziu a essa Casa pela quinta vez consecutiva, um feito singular na história de qualquer político desse Brasil.
       
       Vereador Vicentão
       Presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora
       

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