Brasão de Juiz de Fora CÂMARA MUNICIPAL DE JUIZ DE FORA

Proposição: PRES - Projeto de Resolução
Número: 5/2016  -  Processo: 7619-00 2016

JUSTIFICATIVA

Geraldo Theodoro Pereira também conhecido como Geraldo Pereira, compositor-sambista e cantor, filho de Sebastião Maria e de Clementina Maria Teodoro, nasceu em Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais em 23 de abril de 1918, tinha três irmãos e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1930, indo morar com o irmão mais velho, Manoel Araújo, conhecido como Mané-Mané, com quem passou a trabalhar como ajudante no balcão de uma tendinha mantida por ele no Buraco Quente, localidade do Morro da Mangueira, na zona central da cidade.

Dois são os motivos que fazem de Geraldo Pereira um dos maiores sambistas de todos os tempos. Primeiro: ele foi o mais brilhante cultor do samba sincopado. Segundo: em suas letras, atuou como um atilado cronista do Rio de Janeiro de sua época. Vamos às explicações. Na linguagem técnica das partituras, síncope significa prolongar o som de um tempo fraco num tempo forte que vem a seguir. É difícil explicar esse recurso em bom português, sem um instrumento na mão, mas o fato é que ele resulta num ritmo puladinho, requebrado, brejeiro, o chamado samba de gafieira, em oposição ao das escolas de samba. O ritmo sincopado é também a alma da bossa nova e, não por acaso, nos anos 60.

Em 1931, passou a estudar no bairro de Vila Isabel e por essa época, conheceu Buci Moreira, Padeirinho e Fernando Pimenta, que tinham idade semelhante à sua e que se tornariam futuros sambistas. Pouco tempo depois, deixou de trabalhar na tendinha do irmão e empregou-se como soprador de vidro na fábrica de vidro José Scaroni, na Rua Gonzaga Bastos, lá permanecendo por pouco tempo. Já nessa época, participava de rodas de samba no Morro da Mangueira na casa de Alfredo Português.

Terminou o curso primário e, adolescente ainda, já compunha sambas para a escola Unidos de Mangueira, hoje extinta. Logo fez amizades com os bambas do morro e aprendeu violão com Aluísio Dias e Cartola, passando a frequentar os bares da cidade, inclusive o Café Nice, ponto de encontro de sambistas e da boêmia carioca.

Aos 18 anos de idade, deixou o morro para viver no subúrbio de Engenho Dentro, e logo se mudou para a Lapa, tirou sua carteira de motorista, empregando-se na Prefeitura do Rio de Janeiro, no volante do caminhão de limpeza urbana, emprego que manteve por toda a vida.

Em 1938, aos 20 anos de idade, compôs o samba "Farei Tudo", em parceria com Fernando Pimenta, proibido pela censura, porque seus versos foram considerados excessivamente ousados para a época. A partir de então, começou a fazer seus primeiros trabalhos musicais, inspirado no movimento denominado "Samba do Telecoteco", do qual Ciro de Souza era um dos principais articuladores.

Em 1939, teve sua primeira música gravada por Roberto Paiva, pela gravadora Odeon, o samba "Se Você Sair Chorando", com Nelson Teixeira, registrado. Esse samba foi finalista no ano de 1940 Concurso de Músicas Carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP, do Governo Getúlio Vargas, tendo sido tocado nas rádios e cantado nas ruas do Rio de Janeiro, projetando seus autores no meio artístico carioca. Ao fazer o arranjo para o samba, Pixinguinha pediu ao cantor Roberto Paiva que o apresentasse ao autor, pois a originalidade da melodia o havia impressionado imensamente.

Por volta de 1940, conheceu Isabel, grande amor de sua vida, musa inspiradora de sambas como "Acabou a Sopa" (com Augusto Garcez), gravado em 1940 na Victor por Cyro Monteiro, com quem marcou o início de sua amizade e que se tornaria um de seus mais fiéis interpretes e o principal divulgador de suas obras.

Ainda em 1940, compôs de parceria com Wilson Batista, o samba de breque "Acertei no Milhar", gravado na Odeon por Moreira da Silva.

Nos anos seguintes, diversas músicas suas foram gravadas por cantores de destaque: os sambas "Falta de Sorte" e "Pode Ser?" (ambos com Marino Pinto), gravados respectivamente por Araci de Almeida e Isaura Garoa, em 1941 e "Liberta Meu Coração", gravada em 1947 por Abílio Lessa. Teve gravado por Moreira da Silva em 1943 o "Samba Pro Concurso". Nesse ano, fez grande sucesso com o samba "Você Está Sumindo", parceria com Jorge de Castro, gravado por Cyro Monteiro, seu grande intérprete, amigo e protetor.

Em 1944 obteve novo grande sucesso na voz de Cyro Monteiro com "Falsa Baiana", um dos grandes sambas da música brasileira, inspirado na esposa do compositor Roberto Martins, incapaz de sambar no carnaval, com sua fantasia de baiana. Para especialistas, "Falsa Baiana" chama a atenção por sua originalidade melódica e estruturação rítmica. Segundo Nelson Sargento, "depois dessa música, a coisa mais difícil era encontrar Geraldo no morro de Mangueira".

Em 1949, Roberto Silva gravou o samba "Minha Companheira". Nesse ano, teve "Que Samba Bom" gravado por Blecaute, que se tornou um dos maiores sucessos de vendagem da década, levando-o inclusive pela primeira vez a reclamar com a gravadora seus direitos autores pelas vendas dos discos. Ainda nesse ano, Blecaute gravou o samba "Chegou a Bonitona", com José Batista.

Nos anos seguintes, diversas músicas suas foram gravadas por cantores de destaque: os sambas "Falta de Sorte" e "Pode Ser?" (ambos com Marino Pinto), foram gravados respectivamente por Araci de Almeida e Isaura Garoa, em 1941.

Nos anos de 1942-1943, Odete Amaral, Moreira da Silva e o grupo Quatro Ases e Um Curinga lançaram composições suas. Em 1943 apresentou-se no programa Vesperal das Moças, na Rádio Tamoio do Rio de Janeiro. Durante essa época, fez amizade com Valdir Machado, que o incentivava a cantar e que se tornou seu parceiro. Fez algumas apresentações esporádicas na Rádio Nacional.

Em 1944 participou do filme Berlim na batucada, de Luís de Barros, interpretando o papel do cabo Laurindo. Foi também em 1944 que conseguiu seu primeiro grande sucesso, com a gravação de "Falsa Baiana", na voz de Cyro Monteiro, inspirado na esposa do compositor Roberto Martins, incapaz de sambar no carnaval, com sua fantasia de baiana, que para especialistas chamou a atenção por sua originalidade melódica e estrutura rítmica, o samba deu-lhe renome nacional. Segundo Nelson Sargento, "depois dessa música, a coisa mais difícil era encontrar Geraldo no morro de Mangueira".

Em 1949, Roberto Silva gravou o samba "Minha Companheira". Nesse ano, teve "Que Samba Bom" gravado por Blecaute, que se tornou um dos maiores sucessos de vendagem da década, levando-o inclusive pela primeira vez a reclamar com a gravadora seus direitos autorais pelas vendas dos discos. Ainda nesse ano, Blecaute gravou o samba "Chegou a Bonitona", com José Batista.

Gravou de sua autoria e Arnaldo Passos o samba "Ministério da Economia", sua primeira incursão no terreno da política, elogiando ironicamente a criação do Ministério da Economia pelo presidente Getúlio Vargas. A letra descreve as agruras de um habitante do morro que, não aguentando a inflação, havia mandado sua "Nega bacana meter os peitos na cozinha da madame em Copacabana".

Geraldo Pereira faleceu em 08 de maio de 1955, três meses antes de falecer subitamente vítima de hemorragia intestinal, aos 37 anos, em consequência de uma briga num bar da Lapa com o lendário malandro "Madame Satã", viu seu último sucesso gravado em disco, o samba "Escurinho", que conta a trajetória de um escurinho pacato, que de uma hora para outra muda de comportamento e sai pelos morros comprando brigas, lançado em fevereiro daquele ano por Cyro Monteiro. Depois de sua morte seus sambas continuaram a ser regravados por inúmeros cantores e cantoras, como em 1956, quando teve o samba "Falsa Baiana" regravado por Guio de Morais e seu Ritmo e três anos depois, quando foram gravados por Roberto Paiva os sambas "Escurinho", e "Pedro do Pedregulho" e por Jorge Veiga o samba "Acertei no Milhar".

Em 1971, Paulinho da Viola regravou o samba "Você Está Sumindo" e João Gilberto recriou com sucesso o samba "Bolinha de Papel" para o disco que fazia parte da série "História da Música Popular Brasileira", da Editora Abril dedicado à obra do compositor. Para o mesmo disco foram regravados os sambas "Chegou a Bonitona", por Blecaute; "Escurinha", por Jorge Veiga e "Escurinho", por Roberto Silva. No mesmo ano, Gal Costa regravou o samba "Falsa baiana" no LP "Gal a todo vapor". Em 1974, Chico Buarque incluiu o samba "Sem Compromisso", com Nelson Trigueiro no LP "Sinal Fechado".

No LP "Roberto Silva interpreta Haroldo Lobo, Geraldo Pereira e seus parceiros", lançado em 1976, teve regravados os sambas "Escurinho", "Os Caprichos Meus", "Lembras-te Daquela "zinha"?"; "Pisei Num Despacho" e "Você Está Sumindo". Em 1979, seu samba "Ministério da Economia" foi proibido pela Censura Federal de ser gravado por Leci Brandão. Em 1980, este samba foi finalmente liberado e gravado por Monarco no LP "Evocação V". Ainda em 1980, foi homenageado pela escola de samba Unidos do Jacarezinho com o enredo "Homenagem a Geraldo Pereira", cujo samba-enredo foi feito por Monarco e em 1981, João Nogueira regravou os sambas "Você Está Sumindo" e "Escurinha". No carnaval de 1982, o compositor foi novamente homenageado no enredo "Geraldo Pereira eterna glória do samba", da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho.

Em 2004, foi homenageado no espetáculo "Geraldo Pereira - Um Escurinho Brasileiro" e em 2005, por ocasião dos 50 anos de sua morte foi homenageado pelo jornalista Luís Pimentel com uma crônica no Jornal do Brasil na qual o jornalista assim se referiu ao compositor: "O melodista - a quem se atribui a invenção ou pelo menos a burilada do samba sincopado - e letrista de versos livres e arrojados ("Tá louca, chamando pra casa/Agora que o samba enfezou/Vou com a turma pras cabeças/ Não me aborreça, vá que depois eu vou"), viveu apenas 37 anos, mas sua obra valiosíssima tem sido revisitada e regravada em vários momentos e por nomes marcantes da MPB".

Tal iniciativa tem por escopo reconhecer e homenagear os artistas de Juiz de Fora e região, haja vista o nosso município apresentar grandes nomes de suma importância na área musical e cultural, reconhecidos nacionalmente, o que desde já conto com o apoio dos Nobres Colegas para a aprovação desta Proposição que será de grande importância em nosso município.

Palácio Barbosa Lima, 09 de fevereiro de 2016.

 

Dr. Antônio Aguiar

Vereador - PMDB



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